Ray Cash e Johnny Charles
Ray Charles e Johnny Cash não tiveram nada em comum. Certo? Mais ou menos.
Embora ambos tivessem uma inclinação para a música gospel, seus estilos musicais nada pareciam. O primeiro, negro e cego, nascido em Albany, foi um pianista e cantor de soul, considerado um dos maiores gênios da música negra. Já Johnny Cash, nascido no Arkansas em 1932, dois anos após Ray Charles, junto com Bob Dylan foi um dos expoentes do folk e do country norte-americano.
Os filmes “Ray” (Estados Unidos, 2004) e “Walk The line – Johnny and June” (Estados Unidos, 2004),porém, provam que há algo de muito semelhante, pelo menos naquilo que compete à história de vida de cada um. As duas filmagens biográficas enfocam a infância pobre e conturbada de ambos, marcada pela morte de seus irmãos e o trauma desenvolvido a partir da perda. No caso de Ray Charles (interpretado pelo ator Jamie Foxx) o trauma verifica-se pelo medo de água, que provocou no precursor do ritmo gospel na música negra, constantes alucinações.
Apresentados a drogas por artistas do meio, logo no início de suas carreiras, ambos se entregaram ao vício e quase foram destruídos por ele. Os dois tiveram problemas com a polícia em decorrência do uso. Ray Charles foi pego duas vezes e só conseguiu livrar-se da prisão devido as articulações feitas pela sua gravadora.
Embora "Ray" apresente uma superioridade técnica em relação ao "Johnny and June", os dois filmes, abusam de clichês e não fogem a pieguice. É difícil assisti-los sem se comover tamanha a emoção ao vê-los largar o vício. No caso de Johnny Cash (interpretado pelo ator Joaquin Phoenix) a comoção é ainda maior, ao ver a família de sua companheira June Carter (interpretada pela atriz Reese Whiterspoon) ajuda-lo a abandonar o vício de anfetaminas. Meus olhos encheram-se de água ao final do filme.
Em “Ray” é impossível não se sentir angustiado com a belíssima interpretação de Jamie Foxx quando este interpreta os momentos de fissuras e alucinações do cantor causadas pela abstinência da heroína, mas enfim, resistir bravamente ao uso da droga.
O que soa diferente é o enfoque dado por cada um dos filmes. O diretor de "Ray", Taylor Hackford, procura enfatizar a carreira de sucesso do músico e as dificuldades encontradas para firmar-se como tal, em vista da deficiência visual. Já, James Mangold em "Johnny and June", conta a parte mais desconhecida e abusa do drama vivido pelo cantor com o vício das drogas se concentrando muito em suafase de recuperação. June aparece como a salvadora de Cash em um lance sentimentalista de que o amor faz de tudo. Talvez, este tenha sido o principal pecado do Mangold, transformar a vida de Cash em uma história de amor.
Um outro fator de destaque são as apresentações das composições de cada cantor. É fácil deixar-se levar pelas canções e em alguns momentos até se emocionar. Destaque para a parte em que “Georgia on my mind” é interpretada em "Ray" e quando Johnny Cash canta para uma platéia de presidiários.
Para quem ainda não se convenceu, vale assisti-los pelas atuações de cada ator. A interpretação de Jamie Foxx é indiscutivelmente impecável. É fácil confundi-lo com o Ray Charles, a começar pela deficiência na perna e os trejeitos do cantor que parecem pertencentes de fato ao ator. É ele ainda quem toca piano nas cenas em que aparece tocando o instrumento. Jamie Foxx levou o Globo de Ouro e o Oscar de melhor ator por sua atuação em 2005.
Em "Johnny and June", Joaquin Phoenix e Reese Whiterspoon estão em seus melhores papéis. Os dois fizeram aulas de canto durante seis meses e Joaquin Phoenix cantou todas as músicas em cena. Ambos levaram o Globo de Ouro deste ano e Reesse Whiterspoon conquistou, também neste ano, o Oscar de melhor atriz.
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