Um misto de futebol e literatura
Se o jornalista e crítico de cinema do jornal Estado de São Paulo, Luiz Zanin Oricchio, pesquisou sobre todos os filmes relacionados ao futebol, feitos aqui no país onde o esporte reina absoluto, e escreveu o livro “Fome de bola - Cinema e futebol no Brasil” (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 486 págs). Aproveito a obra do acaso e os 12 dias que ainda restam de copa do mundo para falar dos LIVROS relacionados ao futebol escritos aqui no Brasil.
Antes, explico a obra do acaso acontecida ontem. Ao organizar as estantes na biblioteca (sim, eu trabalho em uma biblioteca), caiu em minhas mãos o livro “Confissões de um torcedor – Quatro copas e uma paixão” (Objetiva, 138 páginas), de Nelson Motta. Como resgatei nesses tempos de copa do mundo uma paixão adormecida por futebol, logo me interessei pelo livro. E sem qualquer hesitação comecei a lê-lo. Interrompi provisoriamente a leitura de “Se um viajante de uma noite de inverno” do escritor italiano Ítalo Calvino e dediquei-me às curiosidades e relatos sobre copas do mundo do jornalista brasileiro.
Escrito no ano de 1998 é um apanhado das memórias de quatro copas, em que Nelson Motta esteve como correspondente dos jornais “O Globo” e “Estado de S.Paulo”. Diferente, de crônicas sobre a atuação dos jogadores ou das seleções participantes, o livro reúne boas histórias de bastidores que não são divulgadas aos torcedores; e sobre a emoção a que está submetido quem é apaixonado por futebol como é o caso do jornalista brasileiro.
O livro fez então com que eu me recordasse de todas as obras que já li e também aquelas que não li, mas conheço, e que retratem o tema futebol. A lista reúne desde Carlos Drummond de Andrade passando por Armando Nogueira até o satírico Luis Fernando Veríssimo. Porém, inverto e começo por “A eterna privação do zagueiro absoluto” de Veríssimo que li e reli na ocasião do meu vestibular, há dois anos.
Com seu humor inconfundível, o jornalista e escritor reuniu as melhores crônicas que escreveu sobre futebol, cinema e literatura. Com maior espaço é claro para aquelas que falam sobre a paixão nacional. Diferente de Nelson Motta, as crônicas de Luis Fernando Veríssimo sempre recheadas de muito humor, não são exclusivas de copas do mundo, mas também sobre partidas entre equipes brasileiras, sobre jogadores e técnicos e de uma época em que se jogava futebol com uma outra bola, a número 5. Além disso, ele relaciona o esporte a temas como casamento e sexo, talvez essas sejam as melhores do livro.
O cronista esportivo Armando Nogueira também reúne uma coleção de livros cujo tema é futebol. Em minha busca, encontrei sete. Dentre eles alguns merecem ser citados, como “Drama e Glória dos Bicampeãos”.
Escrito na Copa do Chile em 1962, o cronista, narra os principais acontecimentos dos bastidores e de campo da conquista do bicampeonato. O livro descreve os dribles de Garrincha e a emoção com drama sofrido por Pelé com a distenção da virilha no jogo contra a Tchecoslováquia e vem com uma ficha completa das partidas, com o local, placar, escalações. O material fotográfico maravilhoso ajuda a completar o livro.
“A copa que ninguém viu e a que não queremos lembrar” foi escrito a seis mãos. Auxiliado por Jô soares e Roberto Muylaert, Armando Nogueira rememora as copas de 54, que ninguém viu. E o drama de 50 que todos querem esquecer. O Brasil perdeu a final para o ainda bom Uruguai no Maracanã.
Por fim, cito meu poeta preferido, Carlos Drummond de Andrade. “Quando é dia de futebol” é uma coletânea de crônicas escritas por Drummond para jornais diários sobre futebol e principalmente sobre as copas do mundo. O livro tem prefácio de Pelé e além das crônicas, traz também poemas do escritor mineiro.
Um comentário:
impressionante.
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