segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Siamese Dream

Como não quero parar de postar aqui, e sei que muita gente está me cobrando posts novos publico um texto que escrevi há quase um ano para a aula de Jornalismo Especializado, me remete aos tempos de Biblioteca Pública e vou também matéria votada no Overmundo.

'Ler: Um sonho a mais'

Todos os dias, às 8h da manhã, os auxiliares de biblioteca João Eustáquio Gomes Cosso e José Fernandes da Silva saem em um caminhão recheado de livros e seguem com destino a bairros da periferia de Belo Horizonte, levando conhecimento e diversão através da leitura para a população carente moradora desses bairros. Ao contrário do que pensam muitos, essas pessoas possuíam o hábito de leitura antes do atendimento do caminhão, mesmo sem contar com uma biblioteca comunitária em suas regiões.
O caminhão, ou “carro-biblioteca”, como assim é chamada a pequena biblioteca móvel, pertence à Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa e visita os bairros - Tupi, São Marcos, Jaqueline, Rio Branco e Vale do Jatobá. Cada um deles é visitado em um dia da semana. Um grande número de moradores desses bairros já gostava de ler e, devido à ausência de uma biblioteca na região e a dificuldade de acesso à sede da BPELB, situada na Praça da Liberdade, solicitaram junto a essa a visita semanal do carro.
O carro-biblioteca que foi criado no ano de 1959, um ano após a construção da Biblioteca Estadual, surgiu a partir da necessidade de facilitar o acesso ao empréstimo de livros à população de bairros da periferia que não tinham bibliotecas. Além disso, foi uma maneira encontrada para estimular-lhes o hábito de leitura a fim mobilizar os moradores a pressionar a Prefeitura de Belo Horizonte para a criação de uma biblioteca.
Anteriormente, o carro visitava dez bairros, um a cada 15 dias, porém, segundo Márcia Caldas de Melo, diretora de Extensão e Ação Regionalizada e responsável pelo projeto desde julho de 2004, visando atender mais intensivamente cada bairro e para evitar a perda de material devido ao tempo prolongado que cada pessoa ficava com o livro, optou-se por apenas cinco. Nessa época, cada bairro era visitado em um intervalo de quinze dias.
De acordo com Márcia, esse atendimento é feito por dois a três anos em cada bairro, “tempo que julgamos necessário para que a população se mobilize e crie sua biblioteca”, diz. Os cinco atuais bairros começaram a receber a visita em outubro de 2005 e já colhem seus frutos. Exemplo disso é o bairro Rio Branco, situado na zona norte e próximo à Venda Nova, que com auxílio da Paróquia São Geraldo, responsável pela solicitação de visita do carro, já planeja a construção de uma biblioteca no local.

O exemplo que dá certo

O Bairro Rio Branco, situado na região de Venda Nova, que conta com 75 pessoas cadastradas ao empréstimo de livro junto ao carro, serve como exemplo para mostrar que este apenas facilitou o acesso aos livros. Muito antes de receber o atendimento, os seus moradores gostavam de ler e se disponibilizavam a dirigir ao centro da cidade ou à biblioteca do Serviço Social do Comércio (SESC) para alugar livros.
Durante a manhã de uma terça-feira, dia em que o bairro recebe o caminhão, 17 pessoas, entre elas crianças, jovens, adultos e idosos, visitaram o carro, e, indagadas sobre o hábito de leitura, responderam sem qualquer dúvida que além de gostarem de ler, já mantinham o hábito antes de receberem o “carro-biblioteca”. “Adoro ler, faz parte da minha vida, sempre tive hábito de leitura” diz convicto o morador Elton Antônio de Oliveira, que lê em média 40 livros por ano. Ainda segundo ele, “o carro só serviu para influenciar ainda mais e facilitar muito o acesso”. Maria Geralda Sales, serviçal da paróquia São Geraldo concorda com ele. Além de gostar de ler bastante, já tinha o hábito. “O carro só facilitou, está perto de casa.”
Além da facilidade de acesso e gosto pela leitura, os moradores concordaram em que o acervo existente corresponde à necessidade. “Sempre quando não tem um livro que quero, na outra semana eles trazem”, diz Renata Antônia Silva Carvalho. Para Elenice Pereira da Silva, o carro atende em todos os sentidos, informação, diversão, facilidade de acesso. Porém, todos eles reclamam da freqüência das visitas, acham pouco: “Tinha que vir duas vezes por semana”, diz Eliana Almeida Souza.
A procura é tamanha que Fábio Rogério de Morais, assistente administrativo da Diocese de Belo Horizonte e responsável pela divulgação do carro na paróquia São Geraldo, diz que já há um estudo para a implantação de uma biblioteca comunitária nas dependências da igreja. A paróquia tem um papel fundamental na vida do carro neste bairro, supondo pela sua importância geográfica: “A população massiva é católica”, afirma ele.
“Julgando que a leitura é parte da cultura, é interessante que a igreja, através do “Projeto de Ação Social”, traga e ajude na divulgação do carro-biblioteca no bairro”, afirma Fábio. Ainda segundo ele, a parceria é bem sucedida, pois havia uma demanda grande por livros que não eram emprestados, uma vez que as bibliotecas existentes no bairro pertenciam a escolas e não eram abertas ao público.
Assim, o carro-biblioteca abrange um maior público, além de honrar com a frase escrita nos dois lados de sua carroceria: “Ler: um sonho a mais”.

PS: Eu volto por aqui, de verdade, depois do carnaval. Como todo bom brasileiro e que não tem vergonha de se assumir como tal.


Um comentário:

Anônimo disse...

HUMMMMMMMM, adorei o comentário sobre a biblioteca móvel, até pq ela jah veio mtas vezes no meu bairro (há uns anos, a do SESC)antes de melhorarem a da Lagoa do Nado. Era mto bom, eu era criança e comecei a apreciar os livros daí... É um esforço memorável q estes profissionais fazem. Mto bom valorizar um pouco do q realment é importante nas pessoas: o esforço para doar do melhor para outrem... Bjokkkkkkkkaaaaasss!!! Aproveita o Carnaval. JUÍZO Miss Juliana!!!

 
Creative Commons License
Estrela Torta by Juliana Semedo is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License
BlogBlogs.Com.Br