sábado, dezembro 30, 2006

Estréias de 2007

Janeiro

"Diamante de Sangue" abrirá a lista das grandes estréias previstas para o ano que vem. O filme que rendeu ao ator Leonardo di Caprio uma de suas duas indicações ao Globo de Ouro entrará em cartaz no dia 05 de janeiro.
O filme se passa em 1990 durante a guerra civil em Serra Leoa e Di Caprio interpreta o mercenário sul-africano Danny Archer que conhece o pescador Solomon Vandy. Juntos, eles descobrem a existência de um raro diamante rosa e auxiliados pela jornalista Maddy Bowen (Jennifer Connely) os dois passam por uma jornada de diversas provas em busca da pedra.

Dia 19 de janeiro é a vez de "Babel" do diretor Alejandro González Iñarritu. Seguindo o exemplo de seu filme anterior "21 Gramas" o filme também apresenta várias histórias diferentes que se cruzam. Assim como na Bíblia, o problema girá em torno da falta de comunicação entre diferentes culturas. A história tem início quando um tiro acidental fere um americana (Cate Blanchett) que estava em Marrocos e que acaba provocando conseqüências em vários pontos do planeta. "Babel" lidera a lista dos indicados ao Globo de Ouro e é uma das grandes apostas para o Oscar.

No dia 26 de janeiro estréia "Apocalypto", segundo filme polêmico de Mel Gibson. Neste, ele escalou atores desconhecidos, todos eles com feições indígenas, a fim de contar o declínio da civilização Maia na América pré-colombiana. O filme rendeu polêmica e recebeu diversos elogios da crítica norte-americana.

Fevereiro

Três filmes estreiam no dia 02 de fevereiro. São eles: "A conquista da honra", de Clint Eastwood. O diretor fez dois filmes sobre a Segunda Guerra. Este, retrata o ponto de vista americano sobre a Batalha de Iwo Jima, na qual os Eua invadiram a ilha, localizada no Japão e importante ponto estratégico para o confronto. A versão japonesa "Cartas de Iwo Jima" tem estréia prevista para 02 de março.
"A Scanner Darkly" do diretor Richard Linklater de "Antes do pôr-do-sol" e estrelado por Keanu Reeves. E "Hollywoodland – Bastidores da fama" que mostra o mistério da morte do ator George Reeves que interpretava o Superman na TV nos anos 50.

Dia 09 estreiam "Rocky Balboa" e "Antonia". O primeiro traz, após treze anos, a história do boxeador interpretado por Silvester Stanalone. O segundo, de Tata Amaral inspirou o seriado exibido as sextas pela TV Globo.


16 de fevereiro estreiam o sarcástico"Borat", o musical "Dreamgirls", "Scoop" de Woody Allen e com Scarlett Johansson e o polêmico "Turistas".

Dia 23 estréia "O Bom Pastor". Dirigido por Robert de Niro, o filme conta a história do nascimento da CIA a partir do Escritório de Serviço Estratégico. Com Matt Damon no elenco.

Confira a lista completa de estréias até o mês de julho

Março

Dia 02:
"Cartas de Iwo Jima" olhar japonês sobre o episódio da Segunda Guerra. Também de Clint Eastwood e favorito ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro.

Dia 09: "Zodiac" de David Fincher diretor de "Seven" e "Clube da Luta".

Dia 16: Estreiam o brasileiro vencedor da Mostra de São Paulo"O Cheiro do Ralo" e "Maria Antonieta" de Sofia Coppola. O filme dividiu opiniões e conta a história da Rainha Francesa ao som de muito Rock.


Dia 30: "300"

Abril

Dia 06:
"Grindhouse" parceria de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez que se juntaram para fazer uma homenagem ao cinema trash dos anos 70 e 80.

Dia 13: "Sunshine" de Danny Boyle.

Dia 20: "As tartarugas Ninja-Uma nova aventura".

Maio


Dia 04:
"Homem Aranha 3".

Dia 25: "Piratas do Caribe - No Fim do Mundo"

Junho

Dia 15:
"Shrek terceiro".

Dia 29: "Quarteto Fantástico 2" e "Treze Homens e Mais um Segredo"

Julho

Dia 13:
"Harry Potter e a ordem de Fênix"

Dia 20: "Transformers"

"Sin City 2" continuação da aventura do quadrinhos de Frank Miller tem estréia prevista para 12 de outubro.


quarta-feira, dezembro 27, 2006

Os Melhores...

...daqueles que eu assisti

Se é verdadeira a crença de que aquilo que você faz na virada do ano será a coisa que você mais repetirá durante todo o ano, então a culpa dos vários filmes que assisti durante 2006 foi ter passado o reveillon do ano passado assistindo filme com meus pais enquanto bebia vinho. Inaugurei 2006 vendo "Fanny e Alexander" de Ingmar Bergman e vi grandes obras durante todo o ano. Infelizmente não contei quantos, não sei todos os títulos e nem tentarei me recordar sob a pena de esquecer algum. Porém, talvez tenha visto mais filmes no cinema do que em casa. Segue portanto aquela listinha básica que quase todo mortal faz no final do ano sobre os melhores do ano. Não reflete a verdade absoluta mas espelha a realidade do momento.

Volver (Espanha/2006)
metáfora da vida tanto-profissional quanto pessoal do diretor Pedro Almodóvar, o filme "Volver" traz de volta o velho diretor que retrata o universo feminino melhor do que niguém.

O ano em que meus pais saíram de férias (Brasil/2006)
tema, trilha sonora, simplicidade, sensibilidade. O filme retrata a transição na vida de uma criança em meio a um período paradoxal da história do país. O Brasil sofria com o auge da ditadura e a seleção brasileira conquistava o tri no México

A fonte da Vida (The Fountain - Eua/2006)
Darren Aronofsky saiu da lista das grandes promessas para se firmar com
o um dos melhores diretores da nova geração.

O Céu de Suely (Brasil, França, Alemanha/2006)
porque lembra muito Paris, Texas e Wim Wenders. Acho que pra mim isso basta.

A Criança (L'Efant - França/2006)
Dêem um "lidinha" na minha singela resenha aqui neste mesmo blog. Foi uma das melhores coisas que já escrevi sobre um filme.



Filhos da Esperança (Children of men - Eua, Inglaterra/2006)
Porque o tema é atual. Porque o roteiro foi bem trabalhado. Porque a fotografia é perfeita. Porque as atuações são fantásticas. E porque Alfonso Cuarón nos presenteou com um dos maiores e melhores planos de seqüência.


PS: Em ordem decrescente.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Filhos da Esperança

...Será?

O ano de 2027 é caótico, cinza, sombrio e vai de mal a pior. Os sistemas políticos estão desestruturados. A xenofobia parece ser o único sentimento que os indivíduos são capazes de alimentar. O mundo se transforma em um imenso campo de extermínio, que lembra o nazismo, onde imigrantes estrangeiros são liquidados. E como se não bastasse “este” futuro - não muito distante - é marcado também pela incapacidade do homem de dar continuidade a sua espécie. As mulheres
grávidas após começarem a perder suas crianças, não conseguem mais engravidar. O ser humano perde a esperança. O mundo está fadado à extinção.
Dessa forma, pode ser resumido o cenário do filme “Filhos da Esperança” (Children of men) do diretor mexicano Alfonso Cuarón ("E sua mãe também") que se despede hoje, após somente duas semanas em cartaz nas salas de cinema de Belo Horizonte. O filme não entrou sequer na lista dos dez mais vistos.

Adaptação do romance da escritora P. D. James, o filme segue o mesmo caminho de nomes como 1984 ou Fahrenheit 451 (de François Truffaut) extraídos também de títulos literários onde um futuro apocalíptico é descrito. O pessimismo instaurou de forma a fazer com que o homem se desiludisse. O personagem Theo, interpretado pelo ator Clive Owen, é a representação desse indivíduo do futuro que perdeu a esperança. Antigo ativista político, ele era casado com a também revolucionária Julian. Os dois tiveram um filho, mas a criança não suportou a viver naquele ambiente hostil. Theo perde se desilude, perde a esperança. Sua vida passa a ser marcada pela decepção. Porém, ele obrigado a aceitar o pedido de sua ex-mulher –que permanece ativista de um grupo rebelde clandestino -
e deve guiar a jovem Kee, a única mulher grávida até um barco de nome manjado “Tomorrow”.
O amanhã funciona como uma pitada de esperança em meio ao caos. Ele poderá devolver a esperança aos sobreviventes em um mundo marcado pela discriminação e pelo preconceito, pelas guerras, pela ban
alização da morte. Embora o filme tente se esquivar das comparações é impossível não associarmos a moça a figura da Virgem Maria – e isso fica claro quando Theo lhe pergunta quem era o pai da criança e ela responde que ninguém, porém a possível visão é logo desfeita quando ela afirma não saber afinal “foram tantos” – a seu filho a um Messias cujo destino é salvar a humanidade.
“Filhos da Esperança”chega a beirar a perfeição, tanto pela história quanto pela maneira que o diretor escolheu retrata-la. Um ambiente de tensão instaurada graças à opção de manter a câmera quase sempre à mão. A fotografia cinzenta, nublada, apresenta grande força significativa, representando um mundo marcado pela guerra, pelo desespero e pela descrença. Algumas chegam a se assemelhar às imagens de conflitos que recheiam a programação dos noticiários. Um prenúncio de que o mundo caminha para o caos? Não sei. Prefiro acreditar que exista uma solução. E “Filhos da Esperança” brilha nesse sentido. Por mais hostil, melancólico e sombrio que o filme pareça, existe uma chance de mudança. E isso o torna diferente de 1984.

PS: Só sinto pelo pouco espaço dado a Michael Caine e a seu personagem. O ator sempre brilha e seu personagem Jesper talvez seja um dos únicos homens cujo o individualismo e o pessimismo decorrente dele ainda não sucumbiu.

Filhos da Esperança - Dirigido por Alfonso Cuarón
Com Clive Owen, Julianne Moore, Michael Caine,
Claire-Hope Ashitey
Duração 109 min
EUA/Inglaterra

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Sobre o último post

...Karim Ainouz não será o roteirista da adaptação do livro "O doce veneno do escorpião" para o cinema. O diretor de "Madame Satã" e o ótimo (eu o vi ontem) "O céu de Suely" será apenas consultor.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

"O doce veneno do escorpião" no cinema


Parece que virou febre adapatar para o cinema, best-sellers auto-biográficos que trazem relatos detalhados sobre a vida sexual de meninas. Depois de "Cem escovadas antes de dormir" estrear no cinema, agora é a vez de filmarem aqui no Brasil o livro "O doce veneno do escorpião" que conta a história de Bruna Surfistinha.
Para isso, foi chamado ninguém menos que, Karim Ainouz, diretor do aclamadíssimo "O céu de Suely". Só que dessa vez, o cineasta atacará de roteirista juntamente com a escritora Antônia Pellegrino. A direção do filme será do estreante Marcos Baldini. O elenco será anunciado no ano que vem.

Sobre o livro

"O doce veneno do escorpião - o diário de uma garota de programa", foi lançado em meados do ano passado pela editora Panda Books (do escritor e jornalista Marcelo Duarte) e sustentou durante um longo período a posição de livro mais vendido no Brasil. O livro, cujo título faz referência à tatuagem da ex-garota de programa traz relatos picantes sobre os programas de Bruna Surfistinha com homens, casais e mulheres em seu flat na zona sul de São Paulo.
Raquel Pacheco (seu nome verdadeiro) hoje com 22 anos, trocou todo o conforto da vida de classe média alta, mentiu a idade (na época ela tinha apenas 17) para se prostituir. O livro, além de contar detalhadamente sobre as "festas" das quais participou traz também, um conjunto de 36 páginas negras, lacradas, com relatos mais explícitos sobre sua vida sexual. Bruna dá conselhos para as mulheres conquistarem os homens e não perdê-lo para uma garota de programa.
Hoje, Raquel abandonou a profissão, mas continua escrevendo em seu blog. Foi através dele que a moça fez fama ao relatar diariamente suas experiências com seus clientes.
O livro chegou a 200.000 exemplares vendidos e já foi lançado em toda a América Latina, Estados Unidos e Inglaterra e deve chegar em mais 10 países da Europa em fevereiro.

O doce veneno do escorpião
Bruna Surfistinha
Editora Panda Books
172 pág
R$ 22, 50

>>
E por falar em "O céu de Suely" e Karim Ainouz, o longa ganhou, por unanimidade o prêmio de melhor filme no Festival de Havana.

Abaixo a lista dos premiados

Melhor filme "O céu de Suely"
2° melhor filme "El Caminho de San Diego"
3º Melhor Filme "Os doze trabalhos"
Prêmio Especial do Júri "Proibido Proibir"
Melhor Diretor Rodrigo Moreno "O guardião"
Melhor Ator Julio Chávez "O guardião"
Melhor Atriz Hermila Guedes "O céu de Suely"
Melhor Fotografia "La Edad de la Peseta"
Melhor Direção de Arte "La Edad de la Peseta"
Melhor Música Chico Buarque "O maior amor do mundo"
Melhor Trilha Sonora "Antônia"
Melhor Edição "Crônicas de uma fuga"
Menção Especial "Páginas del Diario de Mauricio"

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Globo de Ouro

...Façam suas apostas

Foi divulgada, ontem, dia 14 de outubro, a lista dos filmes indicados a 64ª edição do Globo de Ouro. "Babel", do mexicano Alejandro González Iñárritu lidera a corrida. O filme foi indicado a sete categorias, entre elas estão as indicações de melhor filme - drama, melhor diretor e melhor roteiro.

O sofrível Leonardo Di Caprio (não, eu não o considero um bom ator) recebeu indicação em dose dupla como melhor ator dramático, por "Os Infiltrados" e "Diamante de Sangue". A jogada de markenting de Clint Eastwood parece começar a dar resultados, o diretor concorre á categoria de melhor diretor duas vezes: em "Flag of your fathers" e por sua versão japonesa, "Letters from Iwo Jima". Os concorrentes de Eastwood são Martin Scorsese por "Os Infiltrados", Stephen Frears por "The Queen" e Alejandro Iñárritu por "Babel".

Na categoria melhor filme estrangeiro, estão no páreo "Apocalypto" de Mel Gibson, o ótimo "Volver" de Pedro Almodóvar e "Letters from Iwo Jima" de Eastwood. O Brasil não conseguiu emplacar ninguém.
Penelópe Cruz ("Volver"), Judi Dench ("Notes on a Scandal"), Maggie Gyllenhaal ("Sherrybaby"), Helen Mirren ("The Queen") e Kate Wislet ("Little Children") estão na briga para o prêmio de melhor atriz - drama.

Seria muita pretensão minha apontar os meus favoritos, uma vez que só assisti a dois filmes que disputam o globo de ouro: o ótimo "Volver" que pode ser entendido como uma metáfora da vida do próprio diretor e ao legalzinho "Os Infiltrados" que pode render o primeiro oscar ao diretor Martin Scorsese, embora eu nem o considere tão bom como muitos insistem em afirmar.

PS: Para aqueles que se interessam, é bom lembrar que o Globo de Ouro funciona
como uma prévia para o Oscar.

Abaixo, alguns dos indicados

De cima para baixo cenas de: "Babel", "Volver", "Letters from Iwo Jima", "Os Infiltrados" e "Little Children"

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Cassino Royale

O novo 007, “Cassino Royale”, inspirado no primeiro livro da série policial escrita pelo inglês Ian Flaming, é sim, como muitos já afirmaram, um dos melhores filmes sobre o agente secreto James Bond, em 44 anos de adaptação para o cinema. Porém, a façanha, nem se deve ao enredo principal, mas sim a dois outros fatores: o motivo do agente, tido como o mais charmoso do planeta, enxergar a mulher como um mero objeto sexual e as seqüências de cenas mais violentas e menos esdrúxulas que os filmes anteriores. Se alguém assistiu 007 - "Um novo dia para morrer" (o penúltimo antes de "Cassino Royale") e viu o carro do agente atravessar um painel de vidro e literalmente “voar”, entende do que eu falo. A nova versão se caracteriza por privar de certos exageros, o que não retira a impossibilidade de certas atitudes, mas em se tratando de James Bond, é perdoável.
“Cassino Royale” apresenta a primeira missão de James Bond, porém, a história central, além de ser recheada pelos mesmos clichês a que qualquer um que o dirigir deverá obrigatoriamente se submeter, é carregada com o mesmo tom político americanista (sim, eu sei que o agente é inglês, mas a Inglaterra é aliada dos Estados Unidos, ok?) dos outros enredos. O que provoca a irritação e a antipatia de muitos.
A tarefa do agente 007 é bastante pertinente para o cenário mundial atual. Interpretado pelo estreante Daniel Craig, James Bond deverá investigar um banqueiro ligado a organizações terroristas. M (Judi Dench) é inicialmente dura com o agente, temendo pelo seu caráter um tanto impulsivo, mas logo, se rende e aposta em Bond. Ao espionar o grupo terrorista, o agente chega enfim ao banqueiro milionário, Le Chiffre, que almeja conseguir dinheiro a partir de um jogo de pôquer, em Montenegro, no Cassino Royale. O objetivo de Bond é ganhar a partida e enfraquecer o terrorismo.
É aí, que algumas questões são elucidadas, durante a missão, o agente será auxiliado por Vésper Lynd (Eva Green). É óbvio que o agente irá se apaixonar. Porém, o fim do romance, a desilusão sofrida por James Bond, será a causa principal do agente utilizar a figura feminina como um objeto descartável, utilizado apenas para satisfazer seus interesses sexuais. Mesmo que várias seqüências desnecessárias tenham sido usadas até que o agente seja traído, provocando um certo cansaço no espectador, é essa desilusão o grande trunfo para uma história que muda a que filme, mas cuja essência permanece a mesma.

Quanto a Daniel Craig, ele cumpriu os requisitos para garantir uma boa atuação. O papel não exige muito do ator, mas Craig tem o imprescindível, é charmoso, e se não é tão bonito quanto o antecessor, Pierce Brosnan, ele consegue agradar.
Uma curiosidade: Daniel Craig é o primeiro ator com menos de quarenta anos a interpretar o agente secreto desde George Lazenby em 007 - "A Serviço de sua Majestade" de 1969.


PS: Para aqueles que desejam enfrentar quase 2h3omin de filme, 007-Cassino Royale estréia amanhã.

007 - Cassino Royale - Dirigido por Martin Campbell
Com Daniel Craig, Eva Green, Judi Dench, Jeffrey Wrigth
Duração 144 min
EUA/Inglaterra/República Tcheca

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Centro de Cultura Belo Horizonte

Mostra de Cinema

Eu sei que "Estrela Solitária", último filme de Wim Wenders, já existe em DVD. Porém, mais uma vez eu perdi a oportunidade de vê-lo na telona, e ainda sem pagar nada. A Mostra de Cinema do Centro de Cultura Belo Horizonte (CCBH) deste mês, exibe seis filmes, três deles já foram exibidos, que retratam a volta de alguém a seu lugar de origem. Além do road movie "Estrela Solitária" muito semelhante à Paris, Texas, obra prima do diretor alemão, "Uma vida iluminada" de Liev Schreiber, e o francês "Exílios" já foram rodados na mostra intitulada "Em busca do tempo perdido".
Mas o público, incluindo eu, ainda pode conferir outros grandes filmes. São eles: "Hora de Voltar", na próxima quarta-feira, dia 13 de dezembro, "Flores Partidas" de Jim Jarmusch, dia 18 de dezembro, segunda-feira. Na quarta-feira, dia 20, será a vez de "O abraço partido" produção argentina e francesa, dirigida por Daniel Burman.


Breve resumo ...


Hora de Voltar


O filme, conta a história de
Andrew Largeman (Zach Graff), um bem-sucedido ator de televisão, que decide retornar à sua cidade natal Garden State, depois de nove anos distante. Largeman, que temia voltar para a casa e encontrar com seu pai (Ian Holm), que mesmo estando longe o dominava, acaba vivendo bons momentos de recordação a medida que encontra pelas esquinas da cidade seus antigos amigos.

EUA/2004 Dirigido por Zach Braff. Com Natalie Portman e Ian Holm.



Flores Partidas

Bill Murray interpreta um solteirão convicto, Don Johnston, que acaba de terminar um namoro. Após receber uma carta cor-de-rosa, comunicando-o da existência de um suposto filho, Don decide rodar pelos Estados Unidos em busca do garoto.

EUA/França 2005 Dirigido por Jim Jarmusch (Sobre cafés e cigarros). Com Bill Murray, Sharon Stone, Jessica lange.



O Abraço Partido

Em meio a crise enfrentada pela Argentina, o jovem garoto Ariel (Daniel Hendler), lida com o sonho de conseguir um passaporte da Comunidade Européia a fim de encontrar um emprego e o desejo de conhecer seu pai e saber sobre o desaparecimento do mesmo nos anos 70.

EUA/França 2004. Direção Jim Jarmusch. Com Daniel Burman

Os filmes são exibidos sempre as 19h no Centro de Cultura Belo Horizonte, (Augusto de Lima esquina c/ Bahia). A entrada é gratuíta e as senhas são distribuídas 30 min antes de cada sessão.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

História do Brasil - Murilo Mendes


...Vestibular, literatura e Murilo Mendes

Eu “quase” (maldito quase, né Luís Fernando Veríssimo?) passei na primeira etapa da UFMG para o curso de Letras, mas fui eliminada em física devido a uma atitude infeliz da minha parte. Da próxima vez eu prometo não chutar em uma letra só, ok dad?
Os 65 pontos não foram suficientes, mesmo precisando apenas de 58. E física não me ajuda em nada. Deve ser por isso que sou – levemente – estabanada.

A História do Brasil contada de "cabeça prá baixo"

O vestibular proporcionou-me, porém, ótimos momentos. Pelo menos naquilo que se refere à literatura. “Quincas Borba” me fez gostar ainda mais de Machado de Assis, “Senhora” (que eu já havia lido anos antes) me fez entender José de Alencar, “Viagem” de Cecília Meireles aumentou a minha sensibilidade (agora ninguém me agüenta mais).
Mas foi Murilo Mendes e sua ironia em contar a “História do Brasil” que mais me seduziu. O desconhecido (a Biblioteca Pública Estadual Luis de Bessa (onde trabalho) não possuía um exemplar sequer da brilhante obra do poeta mineiro até que UFMG
doasse) livro publicado em 1932, mas escrito ainda na década de vinte apresenta características que permitem encaixa-lo na primeira fase do modernismo brasileiro e coloca-lo como um dos maiores expoentes (junto com Macunaíma de Mário de Andrade e Pau Brasil de Oswald de Andrade) da literatura que visava romper com as influências européias da produção literária brasileira.
“História do Brasil” apresenta 60 poemas-piadas que narram de uma forma não convencional acontecimentos que vão desde o “descobrimento” do Brasil até a Revolução de 1930. Murilo Mendes subverte a história de nosso país e nos mostra um lado diferente daquele que os livros de história insistem em contar.
O escritor adota uma postura mais crítica utilizando como instrumento principal o humor tão característico dessa fase a que pertenceu além de uma linguagem desprovida do formalismo simbolista e parnasianista, simples e coloquial, misturada muitas vezes com vícios de outras línguas, principalmente o português.
Há uma grande preocupação, sempre crítica, com a identidade cultural do povo brasileiro. Afinal, em vários poemas, ele recorre ao jogo do bicho, o mais notório talvez seja Homo Brasiliensis (O homem/ é o único animal que joga no bicho. Este poema talvez seja o que ele aborda de forma mais explícita o hábito do
cidadão brasileiro que perdura até hoje.
Murilo Mendes transgride a ponto de utilizar anacronismos, misturar acontecimentos de uma época a outra posterior como se tudo acontecesse a um mesmo tempo. Ele mistura a invasão holandesa ao ciclo do açúcar, a chegada dos imigrantes e das indústrias multinacionais e outras. Além disso, há uma sátira aos medalhões de nossa história, sem qualquer sombra de vergonha ou pudor, desmistificando assim, a postura de grandes heróis como em Soneto do dia 15 em que D. Pedro II que aparece dentro de um banheiro escrevendo uma poesia (referência às qualidades literárias do imperador) “O papel está acabando,/ chego já no último verso,/já lhe cedo meu lugar.” O Brasil às vésperas da Proclamação da República seria o banheiro e o papel, o higiênico? É dessa forma, que “ História do Brasil” provoca naquele que o lê bons momentos de descontração, misturados com reflexão.
Infelizmente, este livro foi rejeitado pelo autor que se negou inseri-lo no livro que reuniu suas principais poesias – “Poesias Completas” publicado em 1956.

Breve Biografia

O poeta mineiro Murilo Mendes, nasceu no dia 13 de maio de 1901 na cidade de Juiz de Fora e morreu no ano de 1975 na cidade de Lisboa, em Portugal. Na década de 20, publicou poemas nas revistas modernistas "Verde" e "Revista da Antropofagia". Publicou seu primeiro livro , Poemas, em 1930, que lhe rendeu no ano seguinte o prêmio "Graça Aranha". Converteu-se, em 1934 ao catolicismo sendo que a religiosidade é um dos temas marcantes de sua produção poética. Morou na Itália, foi professor da Universidade de Pisa e teve seus livros publicados em toda Europa. Foi um dos mais importantes poetas do século XX.

"Poemas" (1930), "Bumba-meu-poeta" (1930), "História do Brasil" (1933), "Tempo e eternidade" - com Jorge de Lima (1935), "A poesia em pânico" (1937), "O Visionário" (1941), "As metamorfoses" (1944), "Mundo enigma" e "O discípulo de Emaús" (1945), "Poesia liberdade" (1947), "Janela do caos" - França (1949), "Contemplação de Ouro Preto" (1954) são suas principais obras.

 
Creative Commons License
Estrela Torta by Juliana Semedo is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License
BlogBlogs.Com.Br