terça-feira, janeiro 30, 2007

orkut

Já faz pouco mais de duas semanas que voltei a fazer parte do orkut. E neste tempo descobri uma coisa muita bacana: pessoas que da mesma forma que eu, detestam a banda de pop-rock brasileira "O Rappa". São, ao todo, oito comunidades intituladas "Eu odeio O Rappa" (clique no nome se você tiver orkut e não gostar da banda) e apesar das diferenças existentes em suas descrições, todas elas concordam no ponto que as letras das músicas - quase todas elas escritas pelo vocalista Falcão (aquele que pegava a Déborah Secco e dizem que pegou a Maria Rita também) - são desprovidas de qualquer tipo de sentido.

Fiquei um tanto surpresa ao encontrar comunidades como essas, afinal de contas, O Rappa é atualmente a banda mais pop do país. Agregam um número imenso de admiradores, só no orkut existem mais de 400 comunidades dedicadas à banda. Fazem shows que levam a galera ao delírio, como no Pop Rock Brasil do ano passado, em que eu fui obrigada a suportar, pois o New Order ia se apresentar depois. O público entrava em transe ao ouvir aquele som que eu considero péssimo e cantava junto aquelas letras que se analisadas não conseguem expressar nada a não ser algumas frases soltas que unidas não fazem o menor sentido. Ou alguém consegue me explicar o que o tal do Falcão quis dizer com:

"A idéia lá
comia solta
subia a manga
amarrotada social
no calor alumínio
nem caneta nem papel
e uma idéia fugia
era o rodo cotidiano
era o Rodo cotidiano"

(Trecho de "Rodo Cotidiano")

ou com o seguinte trecho:
"o avião do trabalhador". Acredito que isso seja uma metáfora, mas o que ele quis dizer com ela? Será que ele entende realmente do que se trata uma metáfora? Afinal de contas quem escreve uma letra desprovida de conteúdo e sem nexo como a da música acima - o que significaria amarrotada social, minha gente? - não pode entender o que é uma figura de linguagem.

Não podemos nos esquecer dos prolongamentos do tipo "ôôôôôô..aioa êê aioa é aioa êê aioa é...Ahahainhó ahahainhó...". Poderíamos chamar isso de falta de argumentação?

O pior nem é a deficiência de sintaxe, os erros gramaticais ou as onomatopéias dele, afinal de contas o que mais existem são letras ruins. Mas é ele, o Falcão, acreditar no seu discurso político. Que suas letras representam uma crítica a sociedade brasileira, que elas são politicamente corretas ou que tudo aquilo que ele escreve e canta, são coisas que pedem justiça em um país tão violento e desigual como o nosso. E o pior, o público acredita nisso. Os milhares de fãs que seguem a banda pelo país, acreditam - piamente! - que Falcão é um grande compositor e que ele junto com o restante da banda são os grandes portadores da justiça. O que me provoca uma grande indignação. Felizmente, eu encontrei pessoas que partilham de uma mesma opinião que a minha.

Francamente, eu fico com as letras melosas do CPM 22.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Sundance

Temas polêmicos dominam Sundance

No Festival de Sundance, o mais importante do cinema independente - ufa! até que enfim uma premiação não-comercial, se é que existe algo não-comercial em matéria de produção cinematográfica, mas isto é assunto para um outro post - o prêmio do júri foi concedido a dois filmes que retratam assuntos polêmicos, o que na opinião de Geoffrey Gilmore, diretor do festival, representa "um marco". "Padre Nuestro" que conta a história de um jovem imigrante ilegal mexicano que procura seu pai em Nova York; e "Manda Bala", que retrata o crime e a corrupção no Brasil foram os grandes vencedores.


cena de seqüestrador em "Manda Bala". O filme também levou o prêmio de melhor diretor de fotografia de documentário, que foi para Heloísa Passos

Outro assunto controverso que se destacou no Festival, foi a Guerra no Iraque. Exemplo disso é o filme "Grace is Gone", estrelado por John Cusack, que conquistou o prêmio do público e de melhor roteiro. O filme conta a história de um pai de dois filhos cuja esposa morre em combate no Iraque. "No End in Sight" documentário que traz os erros da política americana no Iraque conquistou o prêmio especial do júri na categoria melhor documentário.

O festival premiou, também, produções estrangeiras. O israelense"Sweet Mud" e "Enemies of Happiness", documentário dinamarquês sobre vida de uma mulher afegã dedicada a política, conquistaram o prêmio do júri. Já "In the Shadow of the Moon", sobre os astronautas da Missão Apollo e o musical "Once" receberam o prêmio do público. O primeiro como melhor documentário, o segundo como drama.

Screen Actors Guild Awards

O filme "Pequena Miss Sunshine" conquistou, na madrugada de hoje, o prêmio principal do Sindicato de Atores dos Estados Unidos (SAG). A comédia levou o prêmio de melhor elenco que representa,de certa forma, o melhor filme. Com isso, o filme passa a ter chances reais de conquistar o Oscar de Melhor Filme no dia 25 de fevereiro.Tudo porque, O SAG, representa um dos principais pólos de eleitores da academia. Vale lembrar que "Miss Sunshine" já havia sido eleito também como melhor filme pela Sindicato de Produtores dos Estados Unidos, o PAG, que também é outro importante núcleo de eleitores da academia.



No Blog Ilustrada no Cinema, do Folha On Line, Leonardo Cruz fez o seguinte comentário: "Nos últimos 17 anos, 11 filmes que venceram o prêmio da PGA também triunfaram no Oscar, enquanto a SAG escolheu no ano passado o filme que acabou por levar a estatueta, "Crash"."

A associação de atores representa 21% dos 5.830 votantes que escolherão o Oscar de Melhor Filme; enquanto os produto responde com 487 membros.
Os outros prêmios representam um repeteco das outras premiações. O que na opinião de 10 a cada 10 comentaristas mostra que já estão praticamente definidos os principais prêmios do Oscar 2007.

Abaixo, você confere a lista de todos o premiados

Melhor elenco - "Pequena Miss Sunshine"
Ator principal - Forest Whitaker - "O último rei da Escócia"
Atriz principal - Helen Mirren - "A Rainha"
Ator coadjuvante - Eddie Murphy - "Dreamgirls"
Atriz coadjuvante - Jennifer Hudson - "Dreamgirls"
Atriz em telefilme ou minissérie - Helen Mirren - "Elizabeth I"
Ator em telefilme ou minissérie - Jeremy Iron - "Elizabeth I"
Atriz em série cômica - America Ferrera - "Ugly Betty"
Ator em série cômica - Alec Baldwin - "30 Rock"
Melhor série cômica - "The Office"
Melhor série dramática - "Grey's Anatomy"
Atriz em série dramática - Chandra Wilson - "Grey's Anatomy"
Ator em série dramática - Hugh Laurie - "House"
Prêmio pelo conjunto da obra - Julie Andrews

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Oscar 2006

Os mexicanos dominam (as indicações) o Oscar

Cenas dos filmes: "Babel", O labirinto do fauno" e "Filhos da Esperança "

Eu não gosto dessas grandes (leia-se comerciais) premiações. Defendo a idéia de que não passou de uma estratégia a pulverização na escolha dos ganhadores do Globo de Ouro na semana passada. Porém, como uma boa aspirante a jornalista e como uma amante inveterada de cinema, não poderia deixar de divulgar aqui neste - humilde - blog a lista dos indicados ao Oscar deste. Um tanto atrasada, é claro, mas é que estava curtindo minha casa nova (sim eu me mudei de verdade hoje, afinal foi hoje que a peça fundamental chegou - o meu querido computador). Aproveitarei para fazer algumas apostas, mesmo tendo assistido, pelo menos até o presente momento, a poucos filmes daqueles que concorrem aos prêmios.
Foi uma lista recheada de grandes surpresas. O badalado "Dreamgirls". que fora indicado a vários prêmios importantes não concorrerá nas principais categorias. Melhor filme e melhor diretor são duas delas. O filme que tem roteiro baseado na história das Supremes, grupo vocal de Detroit liderado por Diana Ross nos anos 60, lidera a lista das indicações. São oito no total, proém a maioria a prêmios técnicos como figurino, direção de arte e mixagem de som. Eddie Murphy foi indicado como melhor ator coadjuvante e deverá levar o prêmio.
"Volver", filme que traz o diretor Pedro Almodóvar de volta as suas orige
ns cinematográficas, também foi excluído da categoria melhor filme estrangeiro. "O labirinto do fauno" do mexicano Guillermo Del Toro (ah, os mexicanos) deverá levar o prêmio. O filme, surpreendeu tanto que foi indicado a outras seis categorias, dentre elas, melhor roteiro original.

Abaixo, você confere a lista com os principais indicados e algumas das minha opiniões.

Melhor filme


"Babel"
"Os Infiltrados"
"Cartas de Iwo Jima"
"Pequena Miss Sunshine"
"A Rainha"

Quem deverá ganhar: "Babel"
Quem eu gostaria: "Babel", mesmo tendo assistido só a dois - Babel e Os Infiltrados - acredito que a temática de "Babel" desperta a atenção dos jurados, além de apresentar uma qualidade técnica superior.

Melhor diretor
"Babel" (Alejandro González Iñárritu)
"Os Infiltrados" (Martin Scorsese)
"Cartas de Iwo Jima" (Clint Eastwood)
"A Rainha" (Stephen Frears)
"Vôo 93" (Paul Greengrass)

Quem deverá ganhar: Martin Scorsese, acredito que dessa vez ele ganha.
Quem eu gostaria: Alejandro Iñarritu

Melhor ator
Leonardo DiCaprio ("Diamante de Sangue")
Ryan Gosling ("Half Nelson")
Peter O'Toole ("Venus")
Will Smith ("À Procura da Felicidade")
Forest Whitaker ("O Último Rei da Escócia")

Quem deverá ganhar: Forest Whitaker
Quem eu gostaria: Qualquer um menos Leonardo Di Caprio, por favor.

Melhor atriz
Penélope Cruz ("Volver")
Judi Dench ("Notas sobre um Escândalo")
Helen Mirren ("A Rainha")
Meryl Streep ("O Diabo Veste Prada")
Kate Winslet ("Pecados Íntimos")

Quem deverá ganhar: Helen Mirren pela personagem característica e polêmica.
Quem eu gostaria: Não sei. Eu vi apenas Penélope Cruz.

Melhor roteiro original
"Babel" (Guillermo Arriaga)
"Cartas de Iwo Jima" (roteiro de Iris Yamashita; argumento de Iris Yamashita e Paul Haggis)
"Pequena Miss Sunshine" (Michael Arndt)
"O Labirinto do Fauno" (Guillermo del Toro)
"A Rainha" (Peter Morgan)

Melhor roteiro adaptado
"Borat: O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América" (roteiro de Sacha Baron Cohen, Anthony Hines, Peter Baynham e Dan Mazer; argumento de Sacha Baron Cohen, Peter Baynham, Anthony Hines e Todd Phillips)
"Filhos da Esperança" (Alfonso Cuarón, Timothy J. Sexton, David Arata, Mark Fergus e Hawk Ostby)
"Os Infiltrados" (William Monahan)
"Pecados Íntimos" (Todd Field e Tom Perrotta)
"Notas sobre um Escândalo" (Patrick Marber)

Melhor ator coadjuvante
Alan Arkin ("Pequena Miss Sunshine")
Jackie Earle Haley ("Pecados Íntimos")
Djimon Hounsou ("Diamante de Sangue")
Eddie Murphy ("Dreamgirls - Em Busca de um Sonho")
Mark Wahlberg ("Os Infiltrados")

Melhor atriz coadjuvante
Adriana Barraza ("Babel")
Cate Blanchett ("Notas sobre um Escândalo")
Abigail Breslin ("Pequena Miss Sunshine")
Jennifer Hudson ("Dreamgirls - Em Busca de um Sonho")
Rinko Kikuchi ("Babel")

Eu torço pelo Adriana Barraza. Tomara!

PS: Se "Babel" e o "Labirinto do Fauno" conquistarem os prêmios, melhor filme e melhor filme estrangeiro, respectivamente, teremos uma merecida vitória mexicana. Afinal tanto Iñarritu, quanto Del Toro são do México. Vale lembrar também que o excelente "Filhos da Esperança", também de outro mexicano, Alfonso Cuarón, que concorre as categorias: melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor fotografia. Eu torço por ele, nas três.

A lista completa, você lê no Folha Online, ok?

A entrega do Oscar 2007 acontece no dia 25 de fevereiro.


segunda-feira, janeiro 22, 2007

Festival de Berlim

Essa notícia me deixou bastante feliz. Tão feliz, que não poderia deixar de escrever aqui. O belo filme de Cao Hamburger "O ano em que meus pais saíram de férias" foi selecionado para a mostra competitiva da 57ª edição do Festival de Berlim, que acontece mês que vem.


Além do brasileiro, outros 25 filmes serão apresentados durante o evento, entre eles 19 estréias.

"Angel" de François Ozon, o coreano "I’m A Cyborg, But That’s Ok", "Cartas de Iwo Jima" e "The Good Shepard", também estão na disputa.
"300 de Esparta", adaptação da HQ de Frank Miller por Zack Snyder e que tem Rodrigo Santoro no elenco, será exibida fora de competição. A lista completa dos filmes selecionados você pode conferir aqui.
Ficarei na torcida por ele.

Babel

“Babel”, último filme da intitulada “Trilogia da Morte” (os outros dois são “Amores Perros” de 2000 e “21 Gramas” de 2004) do diretor mexicano Alejandro González Iñarritu, encontra sua síntese no diálogo realizado trinta minutos antes do filme de quase duas horas e meia terminar.
Sob um calor hostil em um imenso deserto próximo a fronteira entre o México e os Estados Unidos, uma criança americana, indaga a uma mulher (Adriana Barraza - detalhe para a sua interpretação), mexicana, imigrante ilegal nos EUA o que eles haviam feito de errado. Ela, responde que nada, mas que “eles” (policiais) não acreditavam.


A mulher havia levado consigo as duas crianças americanas das quais era pajem para uma festa de casamento no México. As duas crianças eram filhas de um casal americano que passava férias no Marrocos, a fim de esquecer a morte do filho mais novo. A mulher leva um tiro disparado acidentalmente por duas crianças ingênuas que caçavam chacais. A arma foi dada por um japonês como retribuição a um marroquino que havia ajudado-o a caçar. E vendida, ao pai das duas crianças. Aquilo que não passava de um acidente, é tido como mais um ato terrorista. E o círculo vicioso se alimenta. E o entendimento entre os povos parece mais uma vez inviável.
O entrelaçamento das cinco histórias, representada pelas etnias existentes, simboliza o mundo globalizado, nada mais é separável ou individual, tudo está ligado. Porém, o suposto equívoco simboliza que, mesmo unidos pelo fenômeno globalização os povos se separam em decorrência das barreiras impostas pelas diferenças culturais, lingüísticas (inglês, japonês, espanhol, berbere e linguagem dos sinais) e até mesmo pessoais. O que representa uma babel, como na história bíblica da construção da imensa torre que tinha o objetivo de alcançar o céu. A torre jamais fora construída, uma vez que, Deus, irritado fez com que os construtores falassem em línguas diferentes o que impedia a finalização da obra.
Iñarritu trouxe a metáfora da mitologia bíblica, para os tempos atuais na tentativa de mostrar o sonho da união, mas que se esfacela devido à incompreensão existente entre os mesmos que lutam pela globalização. E ele fez isso tão bem, que o filme é recheado de detalhes propositais que revelam as peculiaridades de cada uma das culturas envolvidas na trama. Seja, no hábito dos orientais de retirar os sapatos antes de entrar em casa, no costume de se caçar chacais ou no europeu não suportar o calor do deserto. A tradição latina é evocada em uma festa de casamento regrada a muita comida, dança, sensualidade e a uma certa deselegância embalada por uma música nostálgica em uma das cenas mais bonitas de “Babel”. É fácil entender o clima nostálgico se lembrarmos que Iñarritu é mexicano.
Ao mostrar essa falta de comunicação entre os povos a fim de criticar a globalização, “Babel”, evoca uma visão pessimista e fatalista do mundo de que o sonho conciliação é impossível. Isso fica evidente com as notícias dadas pela tv americana de que o tiro disparado contra o ônibus de turistas era um ato terrorista. Infelizmente isso contribui para aumentar o preconceito e alimentar o círculo vicioso. A tal americana (Cate Blanchett) que apresentava atitudes preconceituosas continuará nutrindo os mesmos sentimentos e manterá a mesma opinião perante as pessoas do oriente médio.
Ao final, “Babel” é um filme denso, que provoca no espectador um clima de tensão traduzindo assim da melhor forma a relação entra as diferentes etnias. É também o projeto de Iñarritu que melhor se casa com a utilização de uma narrativa não-linear.

Babel - Dirigido por Alejandro González Iñarritu
Com Brad Pitt, Gael Garcia Bernal, Cate Blanchett, Adriana Barraza
Duração 142 min
EUA/2006

sábado, janeiro 20, 2007

Bloqueio Criativo

...and so

Voltei pro orkut. Tenho medo de ficar burra.

*

Ainda não consegui escrever uma resenha que seja digna para um filme do porte de "Babel". Porém, ainda pretendo escrevê-la. Quem sabe em um dia de preguiça dessas minha férias que já estão no final.

*

Desconfio que a culpa de minha crise criativa seja a novela "Páginas da Vida". Apesar da imbecilidade eu não agüento ficar sem assisti-la. E agora eu não tenho mais desculpa que justifique o vício. A trilha sonora internacional é péssima, eu não estou nem um pouco cansada para buscar distração na tv e não quero ouvir mais aula de como ser politicamente correto.
E por falar em politicamente correto, mais uma fala para a aula de Manoel Carlos. Ontem o personagem de Tarcísio Meira, o Tide, em conversa com o médico, disse que sexo somente com amor e que ele se orgulhava de ter casado virgem. Penso que a lição da vez seja a castidade.

[eu perco tempo com umas coisas, viu?]

*

e eu ainda não sei se vou pra Tiradentes. Paiêeeee...E a grana?

terça-feira, janeiro 16, 2007

Globo de Ouro

Confira a lista dos ganhadores

Prêmios de cinema


Melhor filme (drama): "Babel"

Melhor atriz (drama): Helen Mirren ("A Rainha")

Melhor ator (drama): Forest Whitaker ("O Último Rei da Escócia")

Melhor filme (comédia ou musical): "Dreamgirls - Em Busca da Fama"

Melhor atriz (comédia ou musical): Meryl Streep ("O Diabo Veste Prada")

Melhor ator (comédia ou musical): Sacha Baron Cohen ("Borat")

Melhor filme de animação: "Carros"

Melhor filme em língua estrangeira: "Cartas de Iwo Jima" (EUA/Japão)

Melhor atriz coadjuvante em longa-metragem: Jennifer Hudson ("Dreamgirls - Em Busca da Fama")

Melhor ator coadjuvante em longa-metragem: Eddie Murphy ("Dreamgirls - Em Busca da Fama")

Melhor diretor: Martin Scorsese ("Os Infiltrados")

Melhor roteiro: Peter Morgan ("A Rainha")

Melhor trilha sonora original: Alexandre Desplat ("The Painted Veil")

Melhor canção original: "The Song of the Heart", música e letra de Prince ("Happy Feet")

PS: Bem óbvia essa premiação. A surpresa mesmo ficou por conta do prêmio ao ator (comédia ou musical) Sacha Baron Cohen de "Borat". Todos os outros prêmios, especialmente os de melhores atores, na categoria drama, revelam o conservadorismo deste tipo de premiação. Tanto, Helen Mirren, quanto
Forest Whitaker (ainda bem que Leonardo Di Caprio não ganhou), interpretam grandes figuras históricas. Ele como Idi Amin, ex-ditador da Uganda e ela como Elizabeth II.
E eu, ainda perco tempo com esse tipo de coisa.

PS: Hoje, tem a pré-estréia de "Babel".

domingo, janeiro 14, 2007

Diamante de Sangue

O que mais me irrita em filmes como "Diamante de Sangue" - Blood Diamond (em cartaz no país desde o último dia 05) não é a incapacidade de retratar uma outra visão da África, que não seja aquela permeada pelos mesmos velhos clichês. Um continente habitado por miseráveis, marcado pela pobreza e atraso tecnológico, tanto na zona urbana como no campo, no qual a disputa pelos recursos naturais impede o seu desenvolvimento.
Aquilo que me provoca a ira é a apropriação da miséria e da corrupção que infelizmente ainda existem no continente. Essa apropriação cria um falso moralismo ético, marcado por tom de denúncia fajuto. Retratar a miséria e provocar um sentimento de pena no espectador costuma dar certo, e se utilizar um discurso ético para fingir abominar a situação , melhor ainda para a imagem do cineasta, da distribuidora e dos atores que aceitaram filmar. Quem se lembra de Angelina Jolie depois de "Amor sem fronteiras"?
"Diamante de Sangue", dirigido por Edward Zwick, além de repetir a cartilha básic
a citada acima, usou um outro artifício: explorou o drama africano em meio a uma história de aventura. O que gerou seqüências fortes de ação capaz de mexer com o público, aos moldes de "O último Samurai", dirigido também por Zwick. Talvez a qualidade técnica inquestionável e à bela fotografia, sejam na minha opinião, as melhores coisas de todo o filme.
Seguindo os moldes de "Hotel Ruanda", a história de "Diamante de Sangue", também se apropria de um conflito, porém, desta vez, é a guerra civil em Serra Leoa na década de 90. O problema social explorado, é o trabalho escravo e a corrupção utilizado na extração, produção e venda de diamantes. É aí que tem início toda aquela campanha a fim de impedir que os europeus adquiram jóias feitas com a pedra, o que enfraquecia todo o esquema armado durante a sua obtenção. O recurso usado é a história do
mercenário sul-africano Danny Archer que se alia ao pescador Solomon Vandy (Djimon Hounson) a fim de encontrar uma espécie rara de diamante. Juntos os dois passam por diversos momentos de tensão, aquelas cenas que dão à história um ritmo meio alucinante. Leonardo Di Caprio, ops, Danny Archer, é interesseiro, é dotado de um caráter duvidoso e usa da humildade, e simplicidade do pescador a fim de encontrar a pedra que possibilitaria a sua fuga para um local bem distante de toda aquela pobreza. Enquanto Solomon Vandy é estereotipado, o personagem de Di Caprio talvez, seja o único a escapar do clichê. É ele que confere à trama uma certa humanidade, ele não é bom, e nem é mau. Não protege o pescador por ser invadido por uma dose de generosidade, mas sim por puro interesse. E isso acrescido de uma boa chantagem emocional que não me cabe contar agora qual é. Ele se irrita, ameaça o "pobre" homem, mas também tem seus momentos de caridade repentina.
O discurso ético fica a cargo da jornalista Maddy Bowen, interpretada por Jennifer Connely. É mais um nome para a lista dos clichês. Primeiro pela personagem ser uma jornalista o que já dá mostras de ser uma alma indignada com a pobreza. Segundo pelo tom a que ela dirige inicialmente a Archer e pelas espetadas moralistas do tipo: Você se sente bem contribuindo para a exploração do povo africano? ( eu não me recordo do diálogo ao certo, mas se parece com essa frase). Terceiro, ela não só fala como ela ajuda e se envolve com Archer e Vandy a fim de conseguir uma boa matéria capaz de denunciar todo o esquema de extração e comércio de diamantes.
Assim, cada um dos três personagens centrais, encarnam um dos lados do conflito. E que garantem um fim no mínimo óbvio. Ganha um doce quem adivinhar antes de assistir...

PS 1: Fiquem atentos a interpretação de Leonardo Di Caprio, não é nada que justifique sua indicação ao Globo de Ouro, mas é superior a qualquer outra atuação sua. Até mesmo do que "OsInfiltrados". E eu garanto ele só recebeu a indicação graças a cenas finais do filme.

PS 2: Embora "O Jardineiro Fiel" utilize dessas mesmas questões é um filme que eu admiro. E não é somente devido ao diretor Fernado Meireles, mas sim porque antes de ser uma história de denúncia é um filme de cumplicidade e amor. E eu prefiro algo "água com açucar" do que moralista.

"Diamante de Sangue" - Dirigido por Edward Zwick
Com Leonardo Di Caprio, Jennifer Connely, Djimon Hounson, Arnold Vosloo
Duração 138 min
EUA/2006

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Centro de Cultura Belo Horizonte

Mostra 8 Tempos

O Centro de Cultura BH faz uma homenagem a atriz francesa Juliette Binoche neste mês de janeiro e exibe oito filmes seus de diferentes épocas. Dois deles - "Je vous Salue, Marie" do Godard e "Os Amantes de Point-Neuf" já foram exibidos. Mas ainda falta mais seis grandes preciosidades da atriz que, na minha opinião é uma das melhores, atuou. São eles:

Dia 15 - O Morro dos Ventos Uivantes (EUA, Peter Kosminski, 1992)

Dia 17 - Perdas e Danos (ING/FRA, Louis Malle, 1992)

Dia 22 - Alice e Martin (FRA/ESP, André Techiné, 1998)

Dia 24 - A viúva de Saint-Pierre (FRA, Patrice Leconte, 2000)

Dia 29 - Em minha Terra (EUA/IRL/AFS, Jonh Boorman, 2004)

Dia 31 - Caché (FRA/AUSTRIA/ALE/ITA, Michael Haneke, 2005)


Todos os filmes são exibidos gratuitamente às 19:00 no centro de cultura Belo Horizonte. As senhas são distribuídas 30 min antes de cada sessão. O centro de cultura se localiza na rua Bahia esquina c/ Augusto de Lima. Aquela velha história: aquele prédio gótico que lembra uma igreja.

PS: O último filme a ser exibido pela mostra, Caché, merece muito ser assistido. Assisti na semana passada, durante o meu "longo" período de férias. Só não entra na minha lista de melhores de 2006 porque eu o vi em 2007.


 
Creative Commons License
Estrela Torta by Juliana Semedo is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License
BlogBlogs.Com.Br