sexta-feira, março 23, 2007

é o queira ou não queira

são as águas de março fechando o verão...

quarta-feira, março 21, 2007

Apatia

Premissa básica: Segundo o Aurélio (o tio do Chico Buarque, sabe? o cara que escreveu o dicionário mais pop), apatia pode ser entendida como 1. Insensibilidade; indiferença 2. Falta de energia; indolência, e que o indivíduo que é consumido por isso está um ser apático.

Então, é, mais ou menos, isso que estava acontecendo comigo nesses últimos dias.

Premissa secundária: Por que os professores de jornalismo - jornalismo mesmo, saca? onde você aprende aquelas técnicas ultrapassadas - são tão imbecis?

09:40 da manhã. Sala 110, do prédio 13 da PUC Minas. O curso, dispensa apresentações.
Aula de Jornalismo Econômico. O meu professor, que até então, vinha muito bem em suas aulas didáticas de como se escrever um bom texto jornalístico e todo aquele blablablá pseudo-teórico do que se deve fazer e o que não se deve fazer em uma notícia escrita.
Quando, ele começa a criticar a escolha de Marta Suplicy para o Ministério do Turismo. Tudo bem! Concordo, que ela não entende absolutamente do assunto e que a escolha dela para o cargo é permeada por um jogo de interesses. Fortaleceria a carreira política e ela poderia se candidatar ao governo de São Paulo nas próxima eleições.
Porém, foi chocante escutar o arremate do professor sobre o caso. Mas, também para o trabalhar com turismo, não precisa saber muita coisa. O QUEEEEEEEEEEEEE?
Pois, meu caro (futuro) colega! Saiba que antes de alguém entender de turismo, deve entender primeiro de geografia, história, geopolítica, política, cultura e ... Economia! Não é você que julga economia a área mais difícil e importante de um jornal? Então!
Se alguém discorda de mim, pegue a "Rolling Stone" nacional deste mês e leia a matéria sobre o Tibet, ou sobre o extremo sul do país e poderá concordar comigo.

Conclusão básica: Eu estou preocupada com minhas crises de apatia, por quê?

Conclusão Geral: Depois, ainda reclamam da teoria e da prática de comunicação andaram separadas. Onde eu vou achar forças para acordar às 05:50 da manhã para ouvir abobrinhas?
Já bastava a professora de rádio que me odeia!


PS: desculpem os excesso de sinceridade e desabafo, mas eu estava precisando.

sábado, março 17, 2007

Desfocando ...

Deixemos o cinema de lado - só por hoje - para uma reflexão sobre a Web, outro assunto que provoca em mim bastante interesse, afinal de contas, esse blog está inserido dentro dessa realidade.

Antes de você se tornar mais um dos absorvidos pela onda dos entusiastas - semelhantes a Pierre Levy , quando este tratou o termo Internet e Cibercultura - da Web 2.0, que chegam ao ápice do exagero ao publicar uma matéria com o título "Esqueça tudo o que você sabe de internet, chegou a Web 2.0", os artigos de Alex Hubner, “Web 2.0 é uma revolução? Então, me deixem criticar” (incluído no site especializado, “Webinsider”) e o de João Morgado Fernandes, “Os equívocos da admirável nova web” no Diário de Notícias de Portugal podem ser uma boa pedida de leitura.
A crítica de Alex Hubner desmistifica o fenômeno Web 2.0 que meio mundo alardeia como sendo a revolução da Internet. Embora, eu não partilhe de todas as suas opiniões, porém, concordo quando ele corta um pouco do barato de meio mundo que arrisca um apaixonado palpite sobre o assunto e se empolga com mudanças como essa. Hubner aponta o óbvio, que quase ninguém ainda percebeu. Só os profetas enxergam o óbvio? Todas as ferramentas que determinam o que é a Web 2.0 já existiam antes. Elas são fatores de uma evolução natural que ocorre com qualquer coisa, sobretudo quando se trata de objetos relativos à tecnologia. Por causa disso, ele se mostra contrário à necessidade que se tem de delimitar uma era para uma transformação que se mostra óbvia devido as próprias características da rede. As particularidades da Internet levaria ao que hoje convenciou-se a chamar de Web 2.0 de qualquer forma. “
Em minha opinião, os especialistas da Web 2.0 estão para a internet como os criacionistas estão para a ciência. Por mais óbvio que seja o fato das coisas simplesmente evoluírem, natural e continuamente, prevalecendo o que funciona em detrimento do que não funciona (tal como Darwin teorizou), os especialistas da Web 2.0 entendem que as coisas só existem depois de terem sido criadas, inventadas, nomeadas e, principalmente, propagandeadas.”
A crítica é embasada, recheada de argumentos que revelam realmente o conhecimento de Hubner sobre o assunto.

Já o artigo do português é menos interessante e mais apocalíptico do que o publicado no “Webinsider”. Além de apresentar uma crítica a novas formas de publicação, ele não aceita as mudanças de direitos autorais advindas a partir dela.
O interessante é que ele toca em um ponto que considero crucial: o que os usuários fazem (uso e gratificações) com o conteúdo e com as possibilidades do universo virtual. Segundo ele, a utilização é ainda limitada. Uma opinião da qual eu partilho e afirmo, como disse na apresentação de um trabalho da faculdade no qual tratava o tema. A Web 2.0 possibilita uma democratização dos elementos da cultura, porém, a utilização por parte dos usuários se revela ainda restrita "quase" meramente ao entretenimento.

Tudo bem que Morgado adotou uma postura ferrenha ao criticar o conteúdo virtual e o que as pessoas fazem deles (vocês perceberão se ler), mas o raciocínio é fundamental para chegarmos à conclusão de que quase nada do potencial transformador possibilitado pela Internet foi utilizado.

Que fique claro que eu não sou contra os instrumentos e as possibilidades que a tecnologia proporciona. Muito pelo contrário, eu me encaixo na lista dos que acreditam que essas ferramentas podem modificar muita coisa, sobretudo, a forma de fazer jornalismo, que, diga-se de passagem, está longe de atrair realmente o público. Mas isso já é um outro assunto. Qualquer dia eu posso me esquecer mais uma vez dos focos cinematográficos que pretendem esse blog para me expor melhor.
O que eu não concordo é com posturas românticas, acríticas e tão entusiasmadas que não percebem que tudo se trata de um processo evolutivo normal. Ou será que existe gente que ainda acredita em geração espontânea?


PS 1: A revista que publicou o título esdrúxulo citado no início do post foi a tão falada "Info Exame", da editora Abril.

PS 2: Meu trabalho refere-se ao YouTube (exemplo da chamado Web 2.0) sob a perspectiva daquilo que Walter Benjamin chamou de democratização da produção cultural ao estudar o cinema. O estudo é o foco do brilhante ensaio "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica".
Nele, o teórico precursor daquilo que se convencionou a chamar de "Escola de Frankfurt" defende que advento do capitalismo e das conseqüentes ferramentas tecnológicas produziram alterações na produção, consumo e divulgação da cultura.

PS 3: Qualquer dia desses, eu prometo que publico o meu trabalho aqui.

segunda-feira, março 05, 2007

Little Children - Trailler



Fiquei devendo ontem

domingo, março 04, 2007

Little Children - Pecado Íntimos

Há muito um filme não me comovia tanto da forma como "Pecados Íntimos" me emocionou.
Isso se deve ao fato das histórias do subúrbio americano provocarem em mim um certo fascínio. A forma como a classe média americana escolheu para viver marcada pelo puritanismo e pelo politicamente correto escondem histórias de indivíduos consumidos pelo tédio e sufocados pelas obrigações rotineiras de uma vida em que o padrão deve ser alcançado a qualquer custo sob a pena da exclusão social.
Algumas pessoas parecem se enquadrar muito bem, outras não conseguem, a maioria finge se enquadrar e consegue isso muito bem e outras, tentam fingir e são infelizes. Em "Pecados Íntimos" todos os exemplos são identificados. Um narrador onisciente (aquele que sabe de tudo) cumpre o papel de narrar e o de identificar para o espectador todos esses tipos sociais. É ele quem conta a história.
A vida de Sarah Peirce, em uma interpretação – mais uma vez – brilhante de Kate Winslet pode ser concebida como exemplo do indivíduo que tenta se adaptar a rotina dos jogas sociais, mas é fracassada. Sarah é uma mulher rica. É casada com o publicitário Richard Peirce (Greg Edelman)
e tem uma filha, Lucy (Sadie Goldstein). Assim como as outras mães do bairro, ela leva regularmente a filha para brincar em um parque perto de sua casa. Porém, é fácil perceber que Sarah é uma mulher infeliz e que o casamento e sua filha não são necessariamente aquilo que mais lhe atraem. A razão para isso é óbvia. Encontra-se neste modo de vida imposto que deve ser seguido a qualquer preço e no qual, Sarah tenta, mas não consegue se encaixar. Sarah parece reprimida pelo egoísmo do marido, que só pensa em trabalho e encontra seus momentos de refúgio no sexo virtual e sufocada pelas obrigações maternais. Por causa disso, ela vive mergulhada em um tédio crônico. Não consegue estabelecer um relacionamento com as outras mães e parece ser um suplício cumprir com as obrigações maternas. Evita as outras mães, isola-se em um banco do parque, enquanto lê e tenta entender a vida das outras mulheres. O comportamento em relação à filha soa muitas vezes alheio, ela é capaz de esquecer de levar o lanche da filha três dias seguidos. A conseqüência disso é ser mal vista perante as outras mulheres que parecem se adaptar bem a condição biológica e sociológica de mãe.
Da mesma forma que Sarah, Brad Adamson, interpretado pelo sem sal Patrick Wilson, é um indivíduo que parece não se adaptar bem a todos os padrões impostos pela sociedade americana. Talvez, fuja daquele que é concebido como o principal valor de uma sociedade marcada pelo protestantismo: o trabalho. Brad é frustrado por estar desempregado, por fracassar há três no exame para entrar na Ordem dos Advogados e por ser sustentado pela mulher, a linda Jennifer Connely (coadjuvante de luxo?). Porém, o sujeito, ao contrário de Sarah tem o espírito paterno arraigado, uma vez que, é transparente a felicidade que lhe traz levar o filho todos os dia no parque, ou no clube público.
A vida dos dois, as “Pequenas Crianças” do filme incapazes de assumir as responsabilidades de uma vida conjugal acaba se cruzando como em um momento de “epifania” (podemos destacar dois ao longo do filme) e são transformadas para sempre. Juntos, os dois começam a viver um tórrido relacionamento extraconjugal capaz de dar aos dois aquilo que as frustrações do casamento impediu que eles conseguissem. Como uma “Madame Bovary” moderna, Sarah experimenta momentos de felicidade que aumentam sua auto-estima que fora esfacelada pelo casamento e pela gravidez.
Objeto, de certa forma, central do filme é o pedófilo Ronald James McGorvey (o indicado ao Oscar
de melhor ator coadjuvante, Jackie Earle Haley). Ele é exemplo de um comportamento desviante. Aquele que não consegue se adequar aos padrões sociais. Ele está presente no filme como forma de lembrar a todos os moradores da integridade física e moral. Todos os moradores do bairro querem impedi-lo do convívio social, uma vez que na condição de um maníaco sexual ele ameaça a ordem. A ameaça é tamanha que uma confusão enorme é causada quando ele utiliza a piscina pública. O americano é um sujeito cruel.
Ele também é o responsável pelo desfecho da história e da recondução a vida dos personagens centrais. É McGorvey que impedirá que Sarah e Brad fujam. É ele o responsável, (coisas do destino) a fazer com que Sarah, enfim se renda às obrigações maternas. Sarah se apavora com o desaparecimento da filha, uma vez que, que a deixara brincando no parque para conversar com o pedófilo que chorava copiosamente. Quando encontra-a, abraça-a e percebe o importância da figura materna. Já Brad, após bater a cabeça devido a uma manobra de skate, perde a conseqüência. Quando ele a recupera, passa também a valorizar o amor pela sua esposa. Com isso, Todd Field (Entre Quatro Paredes), mostra que a vida é capaz de conduzir a certos atos que transformam para sempre a vida das pessoas, até reconduzir a um caminho correto.

Little Children (Pecados Íntimos)
- Dirigido por Todd Field
Com Kate Winslet, Jennifer Connely, Patrick Wilson, Jackie Earle Haley
Duração 130min
EUA/2006

 
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