terça-feira, julho 25, 2006

Sobre assistir novelas... (e outras coisinhas mais)

Sim, eu assisto à novela da Rede Globo, Páginas da vida, e não tenho problema algum em assumir o fato. Mas explico a atitude repentina de voltar a fazer algo que não fazia parte de minha rotina diária, desde a época de infância em que eu discutia com minha mãe para poder assisti-las. É que existem três culpados por despertar em mim o interesse em “Páginas da Vida”. A cultura inútil, a bossa nova e a obrigação jornalística.
Explico-os. Não tiro férias há um ano. Descobri que ando sofrendo de um cansaço psicológico causado pelo excesso de livros e filmes que exigem um raciocínio mais elaborado que aquele exigido pelas banalidades do cotidiano apresentados pela novela. Um pouco de cultura inútil é uma ótima pedida para fazer a mente descansar. Além disso, as situações abordadas por esta novela aproximam-se muito da realidade, ao contrário das outras que se distanciam devido ao seu caráter exageradamente falso.
Digamos que ao agradável se une o útil. Jornalista tem que se inteirar de tudo, até do supérfluo. Ou será que eu já me esqueci das aulas de Teorias da Comunicação e daqueles exemplos retirados da antecessora “Belíssima”. Tudo bem que a novela é fútil e se assemelha com aqueles dramas mexicanos, tamanha a quantidade de lágrimas já escorridas em apenas 13 capítulos. Ao luxo excessivo e ao acréscimo de mais um ingrediente: a religiosidade do núcleo principal. Quantas vezes eu já assisti Ana Paula Arósio e Tarcísio Meira orando naquela capela da mansão? Inúmeras. Se a estrutura da Globo não fosse uma das melhores e o Brasil não se destacasse pela perfeição de suas novelas, o enredo e roteiro de “Páginas da Vida” seria possível confundi-la com uma “Maria do Bairro” da televisão mexicana Televisa. Porém, utilizando de um distanciamento elas se tornam passíveis de uma análise crítica, observando seus deslizes e situações absurdas.
É também possível que o espectador se reconheça nas atitudes de alguns dos personagens, além de conhecer o meio da alta sociedade carioca. Sem contar a influência sofrida pela realidade devido à novela. Roupas dos personagens que se transformam e moda. Nomes que são dados as crianças que nascem graças à simpatia nutrida pelos protagonistas. Atitudes copiadas. Enfim, um estudo psicológico e outro sociológico entenderiam melhor esses assuntos.
Porém, o que a novela tem de melhor é a trilha sonora. Separando as músicas internacionais que eu não agradei de nenhuma, as brasileiras estão perfeitas. Por dois fatores: primeiro porque pertencem à Bossa Nova. Eu gosto muito do estilo musical. Segundo porque elas retratam muito bem o cotidiano carioca. Basta-me ouvir “é melhor ser alegre que ser triste/a alegria é a melhor coisa que existe” para esquivar-me um pouco daquele stress do decorrer do dia. Essas canções provocam em mim um saudosismo de uma época que eu não vivi.

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Debochada, cínica e sarcástica. Quem? Eu?

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Dúvidas "mais ou menos" antigas

Zinedina Zidane foi punido com três partidas pela cabeçada dada ao jogador Marco Materazzi, na partida na final da copa do mundo. Se ele se aposentou do futebol, como será esse pagamento? Quem souber por favor, me conta.

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"Casamento Desfeito"

Essa eu vi por acaso em um dos blogs da Globo.

O ator, diretor e produtor George Clonney e o diretor, roteirista e também produtor Steve Soderbergh não dividem mais a produtora Section Eight. Após uma parceria de 6 anos em que produziram juntos alguns filmes como "Syriana-A indústria do petróleo" e o premiado "Boa noite, boa sorte" Clonney se desligou do sócio por motivos não revelados e está criando uma nova produtora, a Smoke House. O parceiro da vez é um conhecido do ator nas filmagens de Boa noite, boa sorte, o produtor Grant Heslov. Embora nenhum projeto tenha sido anunciado a produtora já tem contrato com a distribuidora Warner.
Soderbergh disse que está muito cansado de dirigir, só vai entregar o último projeto The Good German e depois disso fechará a Section Eight. A partir de agora, ele só atuará como diretor.

Uma pena...Pois foi depois dessa parceria que eu comecei a gostar de Clooney.

terça-feira, julho 18, 2006



Match Point-Ponto Final

O cenário não é mais a ilha de Manhattan, mas a cinza cidade de Londres. A personagem principal não é mais interpretada por Diane Keaton ou Mia Farrow, mas, a também loira e sem o menor vestígio da boa atuação das duas anteriores, Scarlett Johansson. O enredo é um crime e castigo moderno, e dessa vez não temos a atuação daquele cara sarcástico com aquela voz tão irritante responsável por provocar a antipatia em muitos.
Para falar do último filme (pelo menos até Scoop terminar de ser filmado) de Woody Allen, "Match Point", eu poderia utilizar esses elementos e cair na mesmice de tudo aquilo que já foi dito sobre ele, e assim, escrever que é diferente de seus outros filmes.
Não que eu discorde totalmente, mas seria superficial demais afirmar que o filme em nada se parece com aquelas sátiras em que o personagem principal é um loser trapalhão. Muito antes de ser só diferente, "Match Point" é um filme maduro, que revela um Woody Allen - em condição de diretor e não de ator -tentando ser diferente.
Não se trata de um filme em que o protagonista é um fracassado por não alcançar sucesso na vida profissional, ou por não se dar bem com as mulheres. E nem é recheado daquelas piadinhas irônicas que dividem o espectador em dois extremos: aqueles que amam ou aqueles que odeiam Allen.
Dessa vez, o protagonista não é um fracassado. Interpretado por Jonathan Rhys-Meyers, Chris Wilton é um professor de tênis cujo destino acaba proporcionando-lhe muita sorte. Como os personagens de seus outros filmes, Chris Wilton almeja conquistar algo na vida. Porém, ao contrário de tentativas frustradas que transformam esses personagens em pessoas inconformadas e providas de uma ironia que as fazem rir de sua própria condição, ele é um sujeito ambicioso capaz de qualquer atitude para conquistar seus desejos.
O enredo, se desenvolve então, a partir dessa ambição, que faz Chris Wilton viver um impasse. Conservar tudo aquilo que o destino ofereceu-lhe ou voltar à sua condição inicial e ficar junto à mulher que ama, inicialmente namorada de um amigo seu. Detalhe notório é que esta não foi a primeira vez em que um de seus personagens sente-se atraído pela mulher de um amigo. Em “Sonhos de um Sedutor” o personagem de Allen, Allan Felix carrega o sentimento de culpa por se apaixonar pela mulher de seu melhor amigo.
O filme
traz uma problemática psicológica comum a seus trabalhos anteriores. Porém, ao contrário de apresentar situações banais do cotidiano, Woody Allen utiliza de temas fortes como a ambição, o adultério e o ciúme, tratados de forma a provocar um reflexão moral. O que acabou transformando-o em um filme sério.

Talvez, outro sinal de maturidade tenha sido o de utilizar o tênis, tão presente em outros filmes seus - como em “Manhattan” no qual, Diane Keaton interpretava uma tenista – como metáfora da sorte. Além do esporte representar a elite, em "Match Point", ele cumpre ainda um papel principal: é através de uma de suas jogadas que
Chris Wilton justifica suas ações. É desse siginificado metafórico que surge o nome do filme.
O humor não aparece, o que acaba provocando uma desconfiança se seria realmente um filme de Woody Allen. Mas o seu caráter irônico continua presente e até de maneira mais refinada, afinal, ele deixa explícita a semelhança do filme com o romance “Crime e Castigo” do escritor russo Fiódor Dostoievski. Em uma das cenas iniciais,
Jonathan Rhys-Meyers aparece lendo o livro e a câmera focaliza o título intencionalmente.
A adaptação de "Crime e Castigo" revela uma característica do diretor: seu interesse pelos clássicos. Um outro filme que eu não me recordo qual, o livro "Educação Sentimental" de Gustave Flaubert é citado pela personagem de Diane Keaton.
Acostumada com seu estilo e fã de seus filmes senti falta dos diálogos inteligentes tão presentes em suas filmagens clássicas da década de 70, mas ainda assim, é a sua melhor filmagem dos últimos dez anos. Conclui-se, portanto, que o filme é igual aos outros na essência e espécie de assunto abordado. Porém, a forma como se deu a abordagem é que foi o verdadeiro diferencial, e responsável por cair na armadilha de qualifica-lo apenas como diferente. A grande sacada de Woody Allen, talvez tenha sido esta, a de reunir todos esses seus elementos característicos de forma mais pensada, sem tiradinhas irônicas com assuntos sérios, e assim, atrair um número maior de espectadores. No final, Match Point deixa a sensação de ser um filme feito pra quem não gostava, gostar.

PS: Reparem no cartaz acima, que a nome de Woody Allen aparece escrito timidamente abaixo dos nomes dos atores. E isso se repete nos outros cartazes e traillers de divulgação do filme. E dizem que foi intencionalmente.


quinta-feira, julho 13, 2006


"There´s no home for you here"

Preguiça de viajar. Talvez a culpa seja dos sintomas e reações adversas que virão em decorrência da distância compulsiva do MEU computador nesses próximos dois dias. A verdade é que o único motivo que me mobiliza a enfrentar os 190km que dividem Belo Horizonte de Lagoa da Prata, são eles, meus pais. E a possibilidade de assistir filmes em casa, no dvd, coisa que habitualmente não é possível já que mais uma vez o lugar em que moro não tem dvd. Exceto aquela coisa já antiquada que se chama videocassete. Dá vergonha de chegar na locadora e pedir uma fita, se é que elas ainda existem. E depois ainda insistem em não entender o porquê do tempo imenso que dispenso ao meu pc.

Talvez o próximo texto escrito seja uma crítica de algum filme que eu assistir. Pelo menos existe uma imensa lista em potencial.

Lembranças daquele outro lugar em que morou por pouco mais de um ano e que sabia que não era nem um pouco bem-vista. Sensação de falta de pertencimento. Vontade de ter um canto só seu, onde não se sinta obrigada a fazer as coisas por pura consideração; ou conviniência mesmo. Sim, talvez possa ter algo em comum entre a música do White Stripes e o meu estado de espírito de hoje. Mas a verdade mesmo, é que não tinha um título melhor e porque desde ontem que eu ouço as músicas da banda compulsivamente, até mesmo aquela que está "batitinha" há tempos. Sevem Nation Army para quem não sabe.

"Postizinho" fudido esse de hoje, só foi feito mesmo, porque eu estava com uma puta vontade de escrever. Também como forma de matar saudades já precipitadas de meu pc.

terça-feira, julho 11, 2006

Vanucci Chapado

Encontrei esse vídeo no Youtube. Fernando Vanucci apresentando seu programa da Rede TV no último domingo, dia 9, após vitória da Itália.
Para quem acreditava que o apresentador gostava de beber, está aí a confirmação.

domingo, julho 09, 2006


Squadra Azurra!!!


(foto tirada do site http://fifaworldcup.yahoo.com/)

Itália supera tabu de não vencer decisão por pênaltis e leva seu quarto título mundial

Após 24 anos...

As copas do mundo guardam uma tradição. Nem sempre as melhores equipes são aquelas que conquistam o título. A seleção brasileira era a melhor da copa de 82, mas não conseguiu chegar nem a final. A Holanda de Croiff era a favorita da copa de 74, mas perdeu a final para Alemanha após a virada do time alemão, dono da casa. O Brasil, favorito em 82 ganhou em 94 nos Estados Unidos em uma campanha medíocre. A vitória da França em 98 foi questionável.
Porém, a copa deste ano, desmistificou esse tabu, após a conquista merecida do quarto título da Itália na partida de hoje em Berlim contra a França. Pode parecer inesperada a final disputada entre França e Itália, se levar em consideração que no início da copa, ambas estavam distantes das favoritas ao título mundial. Nos bolões e apostas seus nomes, sequer eram mencionados. Talvez a Itália estivesse desacreditada após o escândalo da máfia no futebol italiano envolvendo o técnico da seleção, Marcello Lippi, que na ocasião treinava o Juventus; e alguns jogadores; e a França, devido à idade avançada de maior parte dos jogadores. O time francês era considerado velho demais e somado a isso o capitão e estrela do time Zinedine Zidane havia anunciado que se aposentaria do futebol após o torneio.
(Mas, contudo, no entato, entretando, porém, todavia...)
A copa começou e já na primeira fase a seleção italiana fazia jus à tradição, e se destacava por sua defesa forte e bem armada. E o goleiro Buffon se candidatava a disputa de melhor goleiro da copa. A Itália passou então, à segunda fase do torneio com apenas um gol sofrido, no jogo, contra a seleção norte-americana. E cresceu tanto que desbancou a Alemanha dona da casa nas semi-finais. Já a seleção francesa, se classificou para a segunda fase da competição, após um início ruim e difícil. Empatou os dois primeiros jogos vencendo apenas o terceiro contra a fraca seleção de Togo. Mas a exemplo da Itália se destacou nas partidas decisivas, tirando a seleção de estrelas do Brasil, nas quartas-de-final, em um jogo que Zinedine Zidane brilhou. E chegou às finais.
(Então...)
A partida de hoje foi disputada, emocionante, com grandes oportunidades dos dois lados, mas com uma leve superioridade do time francês. Talvez tenha sido o “jogo” da copa. E Marco Materazzi, zagueiro italiano, o grande nome do jogo. Não por sua atuação, mas por ser o responsável pelos momentos mais emocionantes. Foi ele quem conseguiu levar a “Squadra Azurra” ao desespero e à alegria em pouco mais de dez minutos. Aos nove minutos derrubou Thierry-Henry na área e o juiz marcou pênalti, que Zidane converteu em um dos gols mais fantásticos já visto. A bola bateu no travessão e por apenas 32 cm conseguiu atravessar a linha do gol. Porém, após escanteio cobrado por Andréa Pirlo, mostrou sua habilidade aérea e cabeceou a bola para dentro do gol, empatando o jogo. No segundo tempo enquanto a França dominava a partida a Itália se defendia. Canavarro com apenas 1,74 conseguia deter o ataque do time francês.
O jogo permaneceu equilibrado no tempo extra. Zidane poderia ter decidido o jogo se Buffon não tivesse defendido a cabeçada certeira do francês. Porém, mais uma vez, Materazzi apareceu, e se desentendeu com Zidane. O italiano agrediu verbalmente o francês chamando sua irmã de prostituta mais de uma vez, Zidane irritado, em uma atiutde abominável, deu uma forte cabeçada no peito de Materazzi. Levou um cartão vermelho e foi expulso. Saiu de cabeça baixa e chorando aparentando um possível remorso. Se certo ou errado, falo disso depois. O fato é que a expulsão desequilibrou a partida levando a disputa às penalidades máximas.
A Itália se redimiu do fracassado histórico de cobranças de pênaltis, e converteu todas as penalidades. Já a França, sem Zidane, e Thierry-Henry, substituído no segundo tempo, marcou apenas três. Trezeguet errou o segundo pênalti. A Itália, conquistou o título em uma das copas mais justas. Não se destacou por um ataque perfeito,mas, tinha a melhor defesa de todas as seleções que disputavam o torneio. Foi a líder do grupo mais difícil da copa, levou apenas dois gols e fez uma campanha bem melhor que a da França. Se o time de Henry, Vieira e Zidane ganhasse, seria injustiça, devido à campanha pífia do time francês na primeira fase. Sim, a Itália de Buffon, Totti, Cannavaro, Pirlo e Materazzi é tetra e tem agora apenas um título a menos que o Brasil. Materazzi o destaque da partida. E Buffon, o melhor goleiro do mundial.

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Sobre Zidane

Não passava pela cabeça de ninguém (muito menos da minha, admiradora de sua classe e de seu futebol) que Zinedine Zidane fosse capaz de uma atitude grosseira como a cometida por ele na partida de hoje. Mas todos vimos o francês dar uma forte cabeçada no peito de Marco Materazzi, após os insultos proferidos por este contra a irmã daquele. O italiano teria chamado (e repetido)a irmã de Zidane de prostituta. Ninguém imaginava, porém, que aquele jogador elegante, desenvolto, de jogadas bonitas e candidato à melhor jogador do torneio, fosse capaz de cometer tal gesto abominável. Ainda mais se lembrarmos que era seu jogo se despedida dos gramados.
Mas, sim acredite, ele foi capaz, ele fez e encerrou de uma péssima maneira sua carreira. Porém, “Zizou”, como é chamado, foi o jogador de maior destaque e o título de nome da copa não deve ser tirado dele por isso. Longe de defende-lo, foi ridículo o que ele fez, mas não passa de uma daquelas atitudes impensadas a que todos nós estamos sujeitos e creio que ele deve ter se arrependido. Saiu de cabeça baixa, chorando e não foi receber a medalha. Talvez estivesse com vergonha.
O ato não foi dado de graça, o defensor italiano não deve somente ter xingado sua irmã, mas feito outras provocações. Não que isso justifique sua atitude, mas deve ser difícil manter a calma e a postura em uma final disputada como aquela e que culminou com uma prorrogação ainda mais cansativa. Zinedine Zidane mostrou hoje o quão é humano e está sujeito a gestos grosseiros, à sentir raiva e “perder a cabeça” como qualquer outra pessoa. Ele só foi infeliz de ser em uma final, justamente no jogo em que ele dava adeus ao futebol. Mas não é por isso que tudo aquilo que ele já fez seja esquecido e anulado. Foi ele o nome da copa e errar é humano. No fim, deu dó. E muita.

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Só mais uma...

As prorrogações e disputas com pênaltis deveriam acabar. A prorrogação é desgastante. A qualidade dos jogadores cai, e muito, após os noventa minutos convencionais. Além disso, a ansiedade e a raiva aumentam tanto que proporcionam um clima favorável a atitudes como a de Zidane. E os pênaltis são injustos. É loteria, o jogador tem que contar com a sorte. Nem sempre o melhor time vence. Outros critérios de desempate, como saldo de gols, melhor campanha na primeira fase seriam mais justos.

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Domingo é mesmo um dia depressivo, ainda mais depois de um sábado passado ao lado daquela pessoa que você nunca se cansa de estar perto.


sexta-feira, julho 07, 2006


Alguns dizem que ditados e provérbios populares são clichês demais e outros que não funcionam. Os críticos, insistem em utiliza-los com um certo grau de ironia, em atitudes nem um pouco sérias. Os mais crentes, encontram neles o reforço para os conselhos que dão a alguém. Tem aqueles que não tem uma opinião, só gostam de lê-los mesmo para rir, e depois se esquecem. Talvez eu fosse um desses, até que...


Momento de segurança...

Desceu, e com um ar esnobe, entregou a menina do balcão os dois livros, que por vez, eram permitidos levar emprestados. A estagiária, como correspondia a sua função, tomou-os pela mão, e juntamente com eles, recebeu a carteira da mulher. Porém, ao passa-la naquele leitor de códigos de barra, se deu conta de que aquele cartão que permite o acesso aos setores da biblioteca estava vencido. “foi dado o prazo”, essa é a mensagem que aparece na tela do pc quando o registro do leitor venceu, e já lhe deram uma chance para pegar os livros.
Um acordo que funciona assim: o leitor pode levar os livros desde que se comprometa a trazer os documentos necessários para a renovação de dados no ato de devolução, duas semanas depois.
A menina, como de costume disse então à mulher: aqui, já foi lhe dado o prazo, sua carteirinha venceu, é preciso renova-la porque... Ela, sem lhe dar tempo de prosseguir a frase, abriu a boca e exibiu uma voz que no mínimo era irritante: olha queridinha, o que está escrito aí no cartão.
A menina, já percebendo que a mulher se irritara e meio sem jeito, olhou a dada marcada no verso do cartão. De fato, a data escrita, era um dia qualquer, de um mês qualquer de 2008. Então, tentou logo resolver a questão. E a mulher, ainda mais aborrecida, aumentou o tom de voz e prossegui: o sistema está falho, queridinha, já é a segunda vez que isso acontece.
A menina, em um gesto irônico tentou acalma-la perguntando o motivo do nervosismo. E ela: achei o seu modo engraçado. “isso é maneira de tratar o leitor?” “graça? aqui não tem motivo nenhum para rir, retrucou a menina que se retirava para resolver o problema. De fato, o erro foi de alguém, que no momento em que renovara a tal carteira, esqueceu-se de apagar a mensagem de “foi dado o prazo”.
A mulher, entendeu, mas continuou exagerando em sua postura, para qualquer um que ali estivesse visse. Caso resolvido. Livros registrados, a mulher pegou a pasta de reclamações e proferindo todo aquele seu lamento escreveu uma reclamação. A menina nem se deu o trabalho de importar. E quando aquela devolveu-lhe a pasta, como que para provoca-la leu em sua frente o que estava escrito. O clima piorou, e se a intenção era mesmo a de aumentar os nervos da mulher, a menina conseguiu.
Levantando mais uma vez a voz, e exibindo uma postura de revolta bastante forçada, começou o falatório. Como se aquilo tivesse invadido sua privacidade. Para terminar, perguntou-lhe o nome. Mas, a menina se recusou, não tinha qualquer obrigação de dize-lo. Então forçando para fingir uma irritação ainda maior, a mulher insistiu uma conversa com a diretora do local. Esperou uns vinte minutos, e então, tentando se fazer de lesada, explicou-lhe o fato.
A menina? Bem, esta nem se importou. Nem quando a diretora viera lhe falar, que deveria tratar bem e não causar confusão, pois, estava ali para aquilo mesmo atender bem a quem fosse, saio daquele estado de espírito pacífico que desfrutava naquele período de férias. Outras explicações clichês de rebaixar-se também foram dadas, mas nada que a fizesse questionar sua postura.
O caso? não rendeu.

Explicações: a menina sou eu, a data do episódio foi a tarde de ontem, existem pessoas que tentam te provocar, mas não conseguem, porque quem não deve, não tem o que temer mesmo.

quarta-feira, julho 05, 2006

Ira, xeque-mate, e a desmistificação da guerra

O livro “Xadrez, truco e outras guerras” do escritor e roteirista, José Roberto Torero, é uma daquelas estórias que não empolgam logo de início. Para aqueles acostumados ao excessivo bom humor de suas crônicas semanais, no caderno de esportes do jornal Folha de S.Paulo, e a seus livros, como “Terra Papagalli” ou “Os cabeça-de-bagre também merecem o paraíso” nos quais o humor esconde uma crítica sólida bem construída; a primeira impressão que se tem, é de um livro com estória banal e sem graça.
Lançado pela editora Objetiva, o livro faz parte da coleção “Plenos Pecados” que reuniu sete escritores para criar uma história que tivesse como pano de fundo um dos sete pecados capitais. José Roberto Torero, escolheu, pois, falar sobre a ira, único pecado que Deus teria cometido.
Assim, como mesmo disse o escritor no prefácio da obra, que além de explicar a ira, um dos objetivos do livro seria o de também provoca-la, pode-se dizer, que a princípio, os leitores são vítimas de tal interesse.
Se ele afirmou que os alegres, queixariam-se do pouco humor, o livro parece um pouco enfadonho, e por um instante pode passar à cabeça do interlocutor o abandono da leitura.
Porém, é preciso controlar a má impressão inicial e impedir que a raiva, causada por uma expectativa, à primeira vista não satisfeita, acabe com o ânimo e prossiga-se assim, a leitura. É só a partir da metade da narrativa, que se descobre qual o grande lance da estória.
Para falar sobre o pecado capital, Torero, utilizou como cenário do romance a Guerra do Paraguai
. Não que outra guerra interferisse na estória, o fato, é que a escolha de um conflito armado para ilustrar a narrativa foi uma atitude acertada do escritor.
Nada de falar dos feitos do exército ou da estupidez humana que estamos cansados de ver nos filmes que tratam de guerra. Em “Xadrez, truco e outras guerras”, o escritor, revela qual o verdadeiro sentimento que move as lutas armadas. Muito antes de ser construída a partir da honra de um povo como os soberanos fazem acreditar, as guerras, são provocadas por um forte sentimento de ira, que funciona como arma para quem está com a vida em risco.
A ira, por sua vez é alimentada por outros sentimentos, como a vaidade, a cobiça e a inveja. De fato, diferente de suas outras obras, o humor presente nesta obra é bastante sutil. Porém é através dessa sutileza, aliada ao traço crítico e a uma pitada de sarcasmo, que possibilitam ao autor desmistificar os atos heróicos de uma guerra.
Conferindo um caráter lúdico a estória, Torero, comparou o conflito armado a uma partida de xadrez, tanto no plano físico como no plano psicológico. No plano físico, ele aponta as semelhanças existentes entre a disposição das peças no jogo e a atuação dos exércitos no momento do ataque; ambos, aniquilam tropas rivais. Já no plano psicológico, ele prova, que, assim como nos dois jogos, são necessários raciocínio, dissimulação, esperteza e sorte para vencer um confronto armado.
Ele faz com que o leitor quebre aquela idéia inicial, de que a guerra pode ser um ato nobre e romântico, para mostrar que ela não é mais que um mero amaranhado de interesses e lutas pessoais, gestos infames e muitas vezes covardes, e que as paixões que surgem a partir dela não são mais que atitudes mesquinhas e superficiais. Os oficiais do exército, ao contrário de valentes e nobres combatentes, são instrumentos do rei, que só se dispuseram a lutar para satisfazerem sua vaidade e manterem a posição de destaque no reinado.
Ao final, o livro permite uma certa reflexão sobre a condição humana. Cria-se a sensação de que José Roberto Torero, tentou relacionar à guerra a própria vida, onde luta-se tanto para viver e satisfazer seus interesses individuais para, enfim, conquistar à tão sonhada comodidade. Idéia inteligente, mas história mediana. Dá para entender o que é ira, vai...

domingo, julho 02, 2006

Sinceramente...

"Roberto Carlos ajeita meia e Brasil toma gol". Começo com a notícia do Folha online de hoje, para escrever sobre a atuação do Brasil na Copa.
Não foi nenhuma surpresa, pelo menos para mim, o Brasil não conseguir chegar á final. Desde o início da copa quando se falava tanto que a nossa seleção era a melhor do mundo, não botava fé, sabia que o “sonho” do sexto campeonato mundial não se realizaria. Seria muito enfadonho uma só seleção chegar a final e sempre ganhar. O Brasil foi finalista das três última edições do torneio, vencendo duas. Não dava, monótono demais, perderia a graça.
Iniciou então, a copa. O Brasil enfrentou seu primeiro adversário, a fraca seleção da Croácia. Porém
, o time apresentou um desempenho pífio, muito aquém do esperado. E isso se repetiu na segunda partida contra a Austrália. Seleção mal escalada, recuo de bolas, falta de criatividade e dificuldades para vencer. Tudo isso, aliado à truculência do técnico Carlos Alberto Parreira, que se negava a ceder as pressões dos torcedores e de toda a imprensa esportiva, para modificar o time. O terceiro jogo, contra a seleção do Japão, vimos uma apresentação melhor. Então, todos pensamos que deslancharia.
Mas não deslanchou. O Brasil venceu Gana por 3 a 0 na partida válida pelas oitavas-de-final, mas novamente não convenceu. A seleção africana só não conseguiu fazer gol devido à inexperiência que chega a beirar a ingenuidade, porque eles dominaram o jogo do início ao fim. Sinceramente? Com essas exibições medíocres, não. Não merecíamos chegar nem as quartas-de-final.
Mas chegamos. Então, veio a França, e junto com ela, todas as especulações sobre quem seriam os escalados para o jogo e os fantasmas daquela final pífia e no mínimo questionável, da copa de 98 em que o Brasil perdeu de goleada para os franceses na final começaram a assombrar. Falava-se então, até em uma revanche, que para mim, não tinha nada de revanche. Não eram os mesmos jogadores e nem era uma final como o jogo de outrora (uma única vez eu partilho da mesma opinião de Parreira). Pelé, um dia antes, na sexta-feira, já começava com aquela mesma conversa fiada da copa da França, que tinha um mau presságio em relação a partida.
Não deu outra, os fantasmas assombraram. (quem seriam esses fantasmas? Ricardo Teixeira de novo, hein, hein?). Embora Carlos Alberto “teimoso” Parreira, tenha cedido as pressões de meio mundo e escalado o time que o Brasil inteiro queria, com Juninho Pernambucano no meio e Ronaldinho Gaúcho mais adiantado, algo soava estranho. A torcida presente no estádio alemão de Frankfurt, Commerzbank Arena, parecia adivinhar, estava murcha, triste, diferente do normal, em que chega a pecar pelo exagero e excentricidade.
E os jogadores? Apáticos. Sim, apatia é a palavra que melhor define a atuação da seleção brasileira ontem. O Brasil esteve apático. É exagero dizer que eles jogaram mal, eles simplesmente não jogaram. Não acredito que os melhores do mundo tenham se esquecido de um momento para o outro a maneira como jogar futebol. Isso não existe. Parecia que a maioria ali, não se importava o mínimo em jogar. Parreira estava impassível, e se não foi pirraça, pareceu e muito, ao fazer as substituições a 10 minutos do final do jogo.
Também, não acredito que o Brasil trema diante da França e nem que seja inferior a seleção dela. Basta lembrar do futebol, ou da falta do futebol dos franceses na primeira fase. Mesmo ruim, o Brasil ainda era melhor que eles. Mas não foi, perdendo por um placar de um a zero. A culpa? Incompetência e falta de vontade de boa parte dos nossos jogadores que parecem se importar somente com seus objetivos individuais.
E depois, ainda dizem que é falta de patriotismo a minha, torcer pelos argentinos. Para esses, deixo duas perguntas reflexivas.

  1. Quem não é patriota, eu, ou Cafu, Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho e Kaká (até você, hein?)? Ontem, o que se viu, foi uma notória falta de patriotismo. Não se vê um argentino, um inglês, entregar o jogo daquela maneira como "a nossa seleção de estrelas" fez na partida de ontem.
  2. Dá para torcer assim?

E assim, termino eu: É possível confiar em alguém que ajeita a meia no momento de uma cobrança de falta do adversário e deixa um centroavante livre para marcar, sinceramente, né?
E o filme se repete: uma semana para chorar as mágoas e depois a pauta muda para se falar de eleições.

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Quem sabe...

Meu palpite para a final: Alemanha X França.
Meu desejo: Alemanha X Portugal (adoro-te Felipão)

 
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