terça-feira, março 31, 2009

A montagem cinematográfica - parte I

Le ballon rouge (1956)
Lamorisse




"Objetarão que os balões de Lamorisse são, no entanto, trucados. Isso é óbvio, pois se não o fossem estaríamos em presença de um documentário sobre o faquirismo, e o filme seria bem diferente. Ora, O balão vermelho é um conto cinematográfico, uma pura invenção da mente, mas o que importa é que essa história deva tudo ao cinema" (...).
André Bazin

Le baloon rouge (1956)
Lamorisse




"É bem possível imaginar O balão vermelho como um relato literário. Mas, por mais bem escrito que se possa imaginar, o livro não chegaria aos pés do filme, pois o charme deste é de outra natureza. No entanto, a mesma história, por mais bem filmada que fosse, poderia não ter mais realidade na tela do que no livro; seria na hipótese de Lamorisse deicidr recorrer às ilusões da montagem (ou eventualmente da transparência). O filme se transformaria então num relato em imagens (como o conto o seria me palavras) ao invés de ser o que é, vale dizer, a imagem de um conto" (...)
André Bazin

"O importante é que possamos dizer, ao mesmo tempo, que a matéria-prima do filme é autêntica e que, no entanto, é "cinema". Assim, a tela reproduz o fluxo e refluxo da nossa imaginação, que se nutre da realidade a qual ela pretende substituir; a fábula nasce da experiência que ela transcende"
André Bazin

"O que é preciso, para a plenitude estética do empreendimento, é que possamos acreditar na realidade dos acontecimentos, sabendo que se trata de um truque".
André Bazin

Conclusão: o que interessa no cinema é o COMO; a forma que a história será contada visualmente.

sexta-feira, março 27, 2009

Entre os muros da escola

Assisti ontem Entre os muros da escola, e como parece ser consenso entre aqueles que já o assistiram, saí do cinema bastante impressionada, sobretudo com a maneira que o filme lida com uma questão tão complexa como as relações estabelecidas dentro de uma sala de aula.

A escola parece mesmo ter um lugar de destaque no cinema. Os imcompreendidos (1959), Zero de Conduta ou Sementes da Violência são filmes importantes que lidam com um tema tão fértil como o universo escolar. Entretanto, nunca tinha visto uma abordagem com uma carga de sinceridade tão marcante como a deste filme francês. A justificativa para tanto talvez seja a familiriadade de um dos roteiristas com a história em questão. Entre os muros de escola foi roteirizado por Laurent Cantet, ao lado de Robin Campillo e François Bégaudeau, inspirado em um livro autobiográfico escrito por este último.


Assim como no livro, o filme acompanha, durante um ano escolar, a conturbada relação entre um professor de Francês - intepretado pelo próprio
Bégaudeau - com seus alunos, uma turma de jovens da periferia de Paris no auge da puberdade. Muito mais do que apenas cumprir o dever de ensinar os alunos a escrever e falar bem a língua, o professor é levado a adotar estratégias para lidar com as conseqüências que a passagem da infância para a adolescência impõe na vida de um jovem.

Adotando uma linguagem narrativa e estética muito próxima ao documentário e do neo-realismo, Laurent Cantet leva o espectador a acompanhar toda a insegurança e frustração daquele professor que busca conciliar respeito - fazer-se respeitado - e comprensão. Nesse sentido, a câmera está sempre a mão, não existe trilha sonora convencional, os sons são sempre aqueles que remetem ao universo escolar - conversas altas, risos e brincadeiras das crianças no pátio durante o recreio - a utilização de atores não profissionais, mas que interpretam uma versão fictícia de si mesmos. O objetivo maior aqui é fazer com que, nós, espectadores tenhamos a sensação de estar acompanhando os fatos durante o seu desenrolar. Cantet faz com que mergulhemos na história e, de alguma forma, identifiquemos com aquele universo. Afinal de contas, o que está em jogo entre aqueles paredes é algo que já vivenciamos.



Entre os muros da escola lida com questões éticas o tempo todo. Em diversos momentos, os professores daquele colégio, profissionais bastante dedicados, discutem entre si sobre qual a melhor maneira de manter o controle sobre os alunos. Há sempre discordâncias, é claro. Alguns defendem punições severas, outros preferem encarar cada aluno a partir de suas particularidades.

Não existe uma solução mais adequada. Cantet não aponta certo ou errado, apenas nos revela algo que pode parecer, em um primeiro momento, frustrante: não existe uma maneira mais acertada de educar. Lidar com seres humanos, sobretudo em uma fase tão complicada como a adolescência, pode ser algo bastante complicado. É preciso que o professor saiba compreender que o descaso, por exemplo, é algo próprio daquele momento específico. Entretanto, quando se procura entender as particularidades de cada indivíduo, a tarefa se transforma em algo muito mais humano. Muito mais do que lidar apenas com valores quantitativos como notas, é preciso se preciso preparar aqueles jovens para a vida. Com todos os obstáculos, essa me parece ser a escolha mais acertada.
E Bégaudeau nos prova isso.

Ficha Técnica
Entre os muros da escola/Entre les murs
Direção: Laurent Cantet
Duração: 128 min
França/2007

quinta-feira, março 26, 2009

La Concejala Antropofaga ou A conselheira antropófaga, de Pedro Almodar

Enquanto Los Abrazos Rotos não estreia no Brasil, o que pode demorar muito, já que não tem data prevista, o jeito é assistir ao curta La Concejala Antropofaga. O filme foi feito por Almodóvar durante as filmagens de Los Abrazos Rotos e traz a atriz Carmen Machi, no papel de Chon, a mesma personagem interpretada por ela no longa.


Sem legendas e em alta resolução aqui.



Para aqueles que não dominam o espanhol, sugiro assistir a versão em baixa resolução, mas com legendas, já que a personagem fala muito e muito rápido.

Eu achei bem divertido. E vocês o que acharam?

terça-feira, março 24, 2009

Cinema romeno em destaque no Cine Humberto Mauro

A Romênia, país do sudeste da europeu, foi marcada por um histórico de conflitos que ocorreram na região desde a invasão dos romenos, quando a região ainda recebia o nome de Dácia. Ao longo de sua história, o país passou por diversas situações conturbadas. Foi o motivo central dos conflitos que levaram à 1ª Guerra e cobiçada por Hitler durante a 2ª. Além disso, a Romênia, modelo do sistema comunista, foi o país que mais sofreu com o colapso do regime totalitário na Europa Oriental.

Nos últimos anos, a conturbada situação política e econômica do país cedeu lugar nos noticiários para a qualidade de sua produção cinematográfica 20 anos após a democratização do país. Entretanto, os anos de ditadura soviética parecem ser uma ferida ainda aberta já que a temática desses filmes ainda é marcada por referências ao período comunista e sua decadência.

Como festejei o fim do mundo (2006), A leste de Bucareste (2006) e o excelente - na minha opinião, o melhor filme de 2008, 4 meses, 3 semanas e 2 dias (2007) são exemplos da boa fase vivida pelo cinema romeno atual. Para aqueles que se interessarem, teve início nessa segunda-feira a Mostra Cinema Romeno Atual, no Cine Humberto Mauro, aqui em Belo Horizonte. A mostra vai até o dia 7 de abril.

O premiado em Cannes 4 meses, 3 semanas e 2 dias

Confira abaixo o horário das sessões:

25 de março (quarta-feira) 17h 4 meses, 3 semanas, 2 dias 19h Como Eu Festejei o Fim do Mundo 21h A Leste de Bucareste 26 de março (quinta-feira) 17h A Leste de Bucareste 19h 4 meses, 3 semanas, 2 dias 21h Como Eu Festejei o Fim do Mundo 27 de março (sexta-feira) 17h Como Eu Festejei o Fim do Mundo 19h A Leste de Bucareste 21h 4 meses, 3 semanas, 2 dias 28 de março (sábado) 16h Como Eu Festejei o Fim do Mundo 18h 4 meses, 3 semanas, 2 dias 20h A Leste de Bucareste 29 de março (domingo) 16h A Leste de Bucareste 18h Como Eu Festejei o Fim do Mundo 20h 4 meses, 3 semanas, 2 dias 30 de março (segunda-feira) 17h 4 meses, 3 semanas, 2 dias 19h CINECLUBE CURTA CIRCUITO 21h WAI WAI 31 de março (terça-feira) 17h A Leste de Bucareste 19h 4 meses, 3 semanas, 2 dias 21h Como Eu Festejei o Fim do Mundo 01 de abril (quarta-feira) 17h Como Eu Festejei o Fim do Mundo 19h A Leste de Bucareste 21h 4 meses, 3 semanas, 2 dias 02 de abril (quinta-feira) 17h 4 meses, 3 semanas, 2 dias 19h Como Eu Festejei o Fim do Mundo 21h A Leste de Bucareste 03 de abril (sexta-feira) 17h A Leste de Bucareste 19h 4 meses, 3 semanas, 2 dias 21h Como Eu Festejei o Fim do Mundo 04 de abril (sábado) 16h A Leste de Bucareste 18h Como Eu Festejei o Fim do Mundo 20h 4 meses, 3 semanas, 2 dias 05 de abril (domingo) 16h Como Eu Festejei o Fim do Mundo 18h 4 meses, 3 semanas, 2 dias 20h A Leste de Bucareste 06 de abril (segunda-feira) 17h A Leste de Bucareste 19h CINECLUBE CURTA CIRCUITO 21h 4 meses, 3 semanas, 2 dias 07 de abril (terça-feira) 17h Como Eu Festejei o Fim do Mundo 19h 4 meses, 3 semanas, 2 dias 21h A Leste de Bucareste

O quê? Mostra Cinema Romeno Atual
Onde? Cine Humberto Mauro. Avenida Afonso Pena, 1537 - Centro
Quanto? R$ 5,00 a inteira e R$ 2,5O a meia-entrada.



Antichrist


Antichrist, de Lars von Trier.

Quem ainda liga para a igreja católica?

Bastou ser anunciada a estreia de Anjos e demônios, mas uma adaptação dos livros de Dan Brown para o cinema, para o Vaticano se manifestar, ressaltando que eles "não poderiam aprovar um filme tão problemático" quanto este. Segundo o jornal de Turim, "La Stampa", o Vaticano poderia encampar um boicote ao filme, que será lançando dia 4 de maio em Roma, e dia 15 no restante do mundo.
Em 2006, com o lançamento de Código da Vinci, a ingreja tentou fazer o mesmo, mas não encontrou apoio esperado. A atitude não só não afetou em quase nada a popularidade do filme, como ajudou a promovê-lo. Código da Vinci arrecadou algo em torno de 760 milhões de dólares nas bilheterias do mundo inteiro.



Em meio a essa atitude da igreja, que insiste em sua posição retrógada, eu me questiono se as pessoas ainda dão bola a pedidos descabidos como esse de boicote ao filme?
E eu mesma respondo. Em parte não; pelo menos é o que mostram os números de Código da Vinci. Entretanto, as manifestações de indignação contra a postura da igreja católica, seja no boicote ao cinema como na excomunhão da família daquela menina de nove anos, demonstram o crédito que a sociedade ainda concede as atitudes da mesma.
É inquestionável a irracionalidade das atitudes da igreja católica. O problema maior, no entanto, é quando a imprensa brasileira insiste em desdobrar o assunto e se mostrar indignada a atitudes como essas. É "dar moral" demais a uma instituição que vem perdendo credibilidade a cada atitude esdrúxula, como a excomunhão da família e dos médicos da criança de nove anos ou na proibição de um filme.

E tenho dito.

sexta-feira, março 20, 2009

Estreias (imperdíveis) dessa sexta

Fim de semana de grandes estreias em Belo Horizonte. Totalmente diferentes entre si, estão em cartaz, a partir de hoje, o esperado Gran Torino, de Clint Eastwood, e The Spirit, inspirado em dos clássicos quadrinhos de Will Eisner.

Em Gran Torino, bastante estimado pela crítica brasileira, o diretor, ator, roteirista, produtor (ufa!) Clint Eastwood traz, mais uma vez, a ética como fio condutor da história. Trata-se de um drama existencial, no qual o velho veterano de guerra Walt Kowaslki, interpretado por Eastwood, é obrigado a conviver - e aceitar - que o mundo no qual vive já não é mais o mesmo. Sua esposa morreu, seus filhos não se comunicam mais com ele e, além de tudo, seu corpo começa a definhar por causa de um câncer. Além disso, o bairro em que mora empobreceu e, aos poucos, foi ocupado por famílias da etnia hmong, os quais ele insiste em culpar pela decadência do mundo em que vive. Entretanto, essa situação é alterada, uma vez que Walt consegue evitar um furto e é tido como herói pela vizinhança.

Quem se interessar em ler mais sobre o filme e sobre Clint Eastwood, que recebeu no último dia 25 a Palma de Ouro especial pelo conjunto de sua obra, sugiro a excelente entrevista realizada com diretor pela Folha.

>>

Já The Spirit - o filme pode não agradar tanto os fãs do quadrinho original, uma vez que tem muito mais a cara de Frank Miller, outro velho conhecido do meio, que insistiu em adaptar o clássico para o cinema.
Para aqueles que não sabem, o filme conta a história do policial novato Danny Colt, que forja a própria morte e faz com que todos acreditem que ele voltou do além.

Entre os muros da escola e Dúvida continuam em cartaz. Os horários e locais da sessão, você confere aqui.

Fica até difícil escolher em qual ir primeiro.

Ps.: Sem trailler ou fotos porque já cansei de brigar com o blogger hoje.

quinta-feira, março 19, 2009

Milk - A voz da Igualdade

Um mês após a euforia causada pelo Oscar - um pouco tarde para uma cinéfila que se diz antenada como eu - finalmente assisti a MILK.

Como já esgotado pelas centenas de críticos que se propuseram analisar, MILK é, de fato, o menos experimental dos últimos trabalhos do diretor americano Gus van Sant. Sua linguagem cinematográfica é mais próxima a de Gênio Indomável (1997), que a de seu penúltimo filme, Paranoid Park (2007). Mas, cuidado, não significa dizer que van Sant encaretou.
Assim como em Elefante (2003) ou Last Days (2005), a morte continua sendo o eixo condutor da narrativa e os personagens reais continuam sendo os preferidos pelo diretor. Entretanto, ao contrário destes dois exemplos, houve uma inversão da forma em que o diretor escolheu fazer a abordagem. Se antes van Sant se preocupava em fazer a sua própria leitura de acontecimentos reais, optando, na maioria das vezes, pela humanização do protagonista, como fez em Elefante, em MILK ele faz justamente o oposto. Foi fiel aos acontecimentos (até onde isso é possível) e (re) construiu mito. Na minha opinião, não poderia ser de outra forma, afinal de contas a figura de Harvey Milk (entende-se aqui sua trajetória também) é forte demais para que os anseios experimentais se destacassem mais que a própria história.
MILK, assim, como o Lutador, é um filme de personagem. Porém, diferente de o Lutador, não se trata aqui de uma estética próxima ao realismo. A liberdade que Aronofsky "concede" a Randy é muito maior que aquela concedida a Harvey Milk. O destino do último já está traçado desde a primeira cena do filme, ao passo, que na trajetória de Randy tudo pode acontecer. o Lutador é um filme que lida com as questões humanas - frustrações, decepções e fraquezas - enquanto MILK trabalha com questões sociais, no caso a luta contra o preconceito de uma sociedade hipócrita como a americana. MILK é assim um filme documental. E isso não se justifica apenas pela história, real, mas, pela recriação do ambiente, a São Francisco permeada pelas lutas dos direiros homossexuais dos anos 70.

(Na verdade, acabei de voltar daquela que deve ser a última sessão do filme nas salas de Belo Horizonte. Melhor para mim, paguei apenas R$ 2,00 pelo ingresso, a sala estava vazia e ainda tive o prazer de não assistir cinco minutos de propaganda e mais dez minutos de trailler.)

Ficha Técnica
MILK - A voz da igualdade
Direção: Gus van Sant
Duração: 128 min
EUA/2008

quarta-feira, março 18, 2009

Divirta-se






Irreverente!

Tem mais um tanto aqui.

domingo, março 15, 2009

+ uma imagem de Alice

Depois do site In case you didn' t kwon divulgar a primeira imagem de Johnny Depp como o Chapeleiro Maluco, a revista Disney publicou, em sua última edição, a primeira imagem de Alice, intepretada pela atriz Mia Wasikowska.



O filme tem estreia prevista apenas para o ano que vem.

sexta-feira, março 13, 2009

Estreias nos cinemas de BH

Os filmes Dúvida e Entre os muros da escola são as grandes estrelas das salas de cinema de Belo Horizonte neste final de semana.

Dúvida

Adaptação de uma peça ganhadora do prêmio Pulitzer, o filme se passa em meados dos anos 60 em um escola católica do Bronx e gira em torno de um freira (Meryl Streep) que desconfia do profundo interesse de um padre (Philip Seymour Hoffman) por um aluno negro. Segundo ela, o padre comete abuso sexual.
Meryl Streep e
Philip Seymour Hoffman foram indicados ao Oscar.



Horários e salas das sessões

Belas Artes -
14:40, 17:00, 19:20, 21:20

BH Shopping - 20:05, 22:20

Ponteio - 15:00, 17:10, 19:20, 21:40

Usina - 15:00, 17:10, 19:20, 21:30

Entre os muros da escola

Tendo como cenário, uma escola localizada em um bairro repleto de conflitos, o francês Entre os muros da escola mostra o desejo dos professores em oferecer uma boa educação a seus alunos. Entretanto, em decorrência das diferenças culturais - situação da França contemporânea - os jovens parecem não estar dispostos a aceitar os métodos propostos e acabam com todo o entusiasmo dos professores.



Horários e salas das sessões

Belas Artes -
14:00, 16:30, 19:00, 21:30

Usina -
14:20, 16:40, 19:00, 21:20

segunda-feira, março 09, 2009

o Lutador


A história pode parecer simples e não despertar, à primeira vista, um grande interesse no espectador em potencial. Afinal de contas, é mais uma história vinda dos ringues, na qual um decadente lutador de wrestler não resiste a vontade de lutar, mesmo sabendo que sua vida está em jogo. Entretanto, a forma como o diretor Darren Aronofsky escolheu para conduzir a narrativa cinematográfica de o Lutador, marcada pela pouca interferência na história contada, faz com que o filme seja um dos trabalhos mais bonitos e sensíveis dentre as últimas produções de Hollywood.
Aronofsky seguiu direção oposta a seus trabalhos anteriores, abdicou de algumas marcas estéticas e construiu um filme menos autoral que seus três longas anteriores - Pi, Réquiem por um sonho e o subestimado A fonte da Vida. Em o Lutador, o diretor procura se sobressair menos que o filme, concedendo, assim, total espaço ao personagem principal, o decadente lutador Randy "Carneiro" Robinson.
Todas as estratégias visuais utilizadas ao longo da história conduzem o olhar do espectador, fazendo com que este mergulhe no universo desse personagem, conhecendo suas angústias, seus medos, atitudes. A câmera colada nas costas de Randy no início do filme, algo que nos remete aos filmes dos irmãos Dardenne, os planos fechados em seu rosto marcado, seja pela agressividade das lutas ou pela própria vida do personagem são exemplos que ilustram toda a força que o diretor concedeu a esse personagem, na minha opinião um dos mais marcantes do cinema.
A história que Aronofsky convida o espectador a imergir é uma história baseada de autodestruição. Randy se sente feliz e realizado nos ringues, porém, o inverso ocorre em suas relações pessoais. Parece que todas as tentativas que o conduzem a se transformar em uma pessoa convencionalmente normal são fracassadas, seja na frustrada reaproximação com filha ou na aproximação com a mulher que pretende se envolver. O único lugar que Randy parece se encontrar é nos ringues.
Se a grande sacada do filme é concedida pela pouca interferência do diretor, o mérito deve ser dividido com a relação íntima existente entre ator, Mickey Rourke, e personagem. Uma relação que Ricardo Calil definiu em seu blog recentemente como sendo de simbiose. Tal imersão não seria possível se Rourke não conhecesse bastante o universo em que estava se envolvendo.
o Lutador coloca Darren Aronofsky como um dos diretores mais talentosos e regulares dos últimos tempos.
O único problema do filme é relacionado ao pouco reconhecimento concedido ao filme por parte da crítica e premiações. Sem sombra de dúvidas ele é melhor que qualquer um dos filmes indicados ao Oscar.

Ficha Técnica
o Lutador
Direção: Darren Aronofsky
Duração: 115 min

EUA/2008


sexta-feira, março 06, 2009

A ira de Allan Moore

Ele é o criador da graphic novel que deu origem a Watchmen - o Filme, entretanto seu nome não consta nos créditos do filme e mantém uma relação de ódio em relação a todas as adaptações de suas obras para o cinema, entre elas A liga Extraordinária e V de Vingança. Por causa disso, o escritor Allan Moore (acho que posso chamá-lo assim, né?!) decidiu não participar do processo de produção do filme, que tem estréia marcada para a hoje.
E mais, em uma entrevista concedida a Diego Assis, para o G1, Allan Moore pronunciou uma das palavras mais duras e verdadeiras em relação a Hollywood e suas produções, e as adaptações de seus livros para o cinema.

Eu nunca sequer os vi. Não assisti a nenhuma das adaptações para o cinema e não tenho intenção de fazê-lo. Simplesmente quero distância de tudo isso, porque não foram adaptações fiéis ao meu trabalho, parecem não ter nada a ver com as intenções das minhas obras.

(...) Hollywood e a cultura americana em geral me parecem criativamente falidos. Não me lembro da última vez em que Hollywood tenha tido idéias novas. Fazem adaptações de qualquer quadrinho por aí, de qualquer romance, de boas séries de TV dos anos 1960 e 1970, de programas terríveis da TV dos anos 1960 e 1970, de jogos de computador e até de brinquedos de parque de diversão, como em “Piratas do Caribe”.

E o melhor, o cara está coberto de razão. Falou e disse!

Watchmen

Para todos aqueles que estavam ansiosos, é hoje a estréia de Watchmen nos cinemas nacionais.




Para quem mora em Belo Horizonte trocentas salas de cinemas comerciaisexibem o filme.
Confira os horários abaixo:


BH Shopping
BH 2 - 14:30, 18:10, 21:40
BH 7 - 15:20, 18:40, 22:10

Big Shopping

Big 1 - 14:30, 17:30, 20:30

Cineart Shopping Cidade
Cidade 7 - 14:15, 17:20, 20:20

Cineart Del Rey
Del Rey 3 - 14:20, 17:20, 20:20

Cineart Itaupower
Itaupower 5 - 14:25, 17:25, 20:25

Diamond
Diamond 2 - 14:40, 18:00, 21:30

Pátio Savassi
Sala 6 - 13:10, 16:30, 20:00, 23:30

Pampulha Mall
Pampulha 5 - 14:40, 18:00, 21:10

Paragem
Paragem 1 - 14:50, 18:10, 21:10

Ficha Técnica
Watchmen
Direção: Zack Snyder
Duração: 163 min
Inglaterra/EUA/Canadá

quinta-feira, março 05, 2009

O olhar do diretor

Provavelmente, o homem desta foto é ainda desconhecido pela maioria. Dentro de alguns dias, entretanto, ele poderá ficar conhecido como o homem do olho-câmera. Isso mesmo, junto com uma equipe de médicos, engenheiros e profissionais ligados à informática, o dono do olho acima, o documentarista canadense Rob Spence, construiu uma prótese no formato de um olho, que será transformada em câmera, se trata de uma espécie de olho biônico.
Spence perdeu seu olho direito ainda criança após se envolver acidentalmente com armas de fogo. E, agora, deseja substituir seu olho falso por esse prótese. A idéia é colocar uma câmera sem fios na prótes ocular de uma maneira que seja possível transimitir o conteúdo captado para um dispositivo externo e disponibilizá-lo na internet. O interesse do documentarista é criar um outro filme sobre sua história de vida, mas abordando temas como o Big Brother.

Fiquei pensando quais seriam as conseqüências se outras pessoas resolvessem criar uma prótese como a do cineasta. Por um lado, se trata de um dispositivo que copia exatamente tudo aquilo que se vê, funcionando quase como um olho humano. Entretanto, seria terrível imaginar (não, não sejamos tão drmáticos), mas no mínimo, desconfortável caso nossas ações pudessem ser filmadas e gravadas com um simples olhar.

PS: A imagem foi tirada do site da Folha e quem a tirou foi o fotógrafo Yves Herman (Agência Reuters).

quarta-feira, março 04, 2009

Alguns dos melhores filmes nas melhores fotos

O site Total Film reuniu 21 imagens pra lá de bacanudas que nos remetem ao universo cinematográfico. As imagens variam entre fotografias, manifestações de street art como stencil, grafite, mash ups e homages. As imagens satisfazem todos os gostos e estilos assim como os filmes retrados, entre eles clássicos como o Batman, TaxiDriver, O Iluminado, assim como o viajandão Twin Peaks, de David Lynch, e um dos meus favoritos, tanto nas telas como nas fotos, Pulp Fiction.

Abaixo vocês conferem as minha reproduções favoritas:

Star Wars - Eu não sou muito fã do filme, mas a brincadeira ficou divertida

O Iluminado, feito pela artista plástico Pieter Dirkx

Stencil de Taxi Driver, visto nas ruas Taiwan

Tem até Woody Allen. Precisa dizer a qual filme pertence esse cenário?

O meu preferido. Mia Wallace, Pulp Fiction

Gostou e quer ver mais? Basta clicar aqui.

Todas as imagens foram tiradas do Flickr.

 
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