terça-feira, janeiro 30, 2007

orkut

Já faz pouco mais de duas semanas que voltei a fazer parte do orkut. E neste tempo descobri uma coisa muita bacana: pessoas que da mesma forma que eu, detestam a banda de pop-rock brasileira "O Rappa". São, ao todo, oito comunidades intituladas "Eu odeio O Rappa" (clique no nome se você tiver orkut e não gostar da banda) e apesar das diferenças existentes em suas descrições, todas elas concordam no ponto que as letras das músicas - quase todas elas escritas pelo vocalista Falcão (aquele que pegava a Déborah Secco e dizem que pegou a Maria Rita também) - são desprovidas de qualquer tipo de sentido.

Fiquei um tanto surpresa ao encontrar comunidades como essas, afinal de contas, O Rappa é atualmente a banda mais pop do país. Agregam um número imenso de admiradores, só no orkut existem mais de 400 comunidades dedicadas à banda. Fazem shows que levam a galera ao delírio, como no Pop Rock Brasil do ano passado, em que eu fui obrigada a suportar, pois o New Order ia se apresentar depois. O público entrava em transe ao ouvir aquele som que eu considero péssimo e cantava junto aquelas letras que se analisadas não conseguem expressar nada a não ser algumas frases soltas que unidas não fazem o menor sentido. Ou alguém consegue me explicar o que o tal do Falcão quis dizer com:

"A idéia lá
comia solta
subia a manga
amarrotada social
no calor alumínio
nem caneta nem papel
e uma idéia fugia
era o rodo cotidiano
era o Rodo cotidiano"

(Trecho de "Rodo Cotidiano")

ou com o seguinte trecho:
"o avião do trabalhador". Acredito que isso seja uma metáfora, mas o que ele quis dizer com ela? Será que ele entende realmente do que se trata uma metáfora? Afinal de contas quem escreve uma letra desprovida de conteúdo e sem nexo como a da música acima - o que significaria amarrotada social, minha gente? - não pode entender o que é uma figura de linguagem.

Não podemos nos esquecer dos prolongamentos do tipo "ôôôôôô..aioa êê aioa é aioa êê aioa é...Ahahainhó ahahainhó...". Poderíamos chamar isso de falta de argumentação?

O pior nem é a deficiência de sintaxe, os erros gramaticais ou as onomatopéias dele, afinal de contas o que mais existem são letras ruins. Mas é ele, o Falcão, acreditar no seu discurso político. Que suas letras representam uma crítica a sociedade brasileira, que elas são politicamente corretas ou que tudo aquilo que ele escreve e canta, são coisas que pedem justiça em um país tão violento e desigual como o nosso. E o pior, o público acredita nisso. Os milhares de fãs que seguem a banda pelo país, acreditam - piamente! - que Falcão é um grande compositor e que ele junto com o restante da banda são os grandes portadores da justiça. O que me provoca uma grande indignação. Felizmente, eu encontrei pessoas que partilham de uma mesma opinião que a minha.

Francamente, eu fico com as letras melosas do CPM 22.

7 comentários:

Anônimo disse...

Não foi coincidência pescar teu blog numa comunidade do Orkut?Casualidades à parte, gostei muito da densidade e da lucidez com que você escreve. Porém, creio que dedicaste muitas palavras para um dos Reis dos Analfabetos (se Chorão é um deles, quer elencar os outros?).

Pretendo citar a tua crítica de "Babel" no meu blog, enquanto busco palavras e impessoalidade para falar de "Lavoura Arcaica", um dos filmes que mais me marcou - depois da trilogia do Iñárritu. Mas enquanto nada acontece, rola a superficialidade dos escritos sobre "A Dama Na Água". Ou será que não?

Foi uma boa visita!
Abraços!

Anônimo disse...

Ei Ju!!!
Se eu fosse vc naum ficava nem com as letras do CPM 22.
Qdo estava em Amsterdam fiquei sabendo q eles tavam torrando o dinheiro com maconha pra eles e pra todos os brasileiros no coffe shop.
Ja naum gostava antes, depois dessa folga entaum...
Bjao,
To com saudades
Clara

Anônimo disse...

Tem votação no "Cronista".
Passa lá e participa!
Abraço.

Anônimo disse...

"rodo cotidiano".. a q ponto chegamos!!
com licença.. vou ali pegar minha uzi automática!!

; P

Anônimo disse...

Mas é claro que vale! Realmente, essa é a idéia mais votada.
Creio que nessa semana o blog novo sai; é só encontrar um tempo vago para construí-lo.
Beijo!

Anônimo disse...

Sumiu, é?

Anônimo disse...

Olá,
Você já assistiu "quem somos nós"? é um documetário "talvez" interessante.

Achei muito boa sua critica ao filme Babel, apesar de ainda não tê-lo assistido, acredito que você conseguiu passar o que o filme tenta ser...

Em contra-partida, me decepicionei um pouco com o comentário sobre O Rappa, principalmente devido a falta de conhecimento sobre o assunto.

A maneira como somos criados nos faz ver as coisas de formas bem diferentes, as vezes fica difícil enchergarmos o que está diante de nossos olhos e precisamos de um cutucão na testa por alguém.

Realmente não é fácil entender que "o avião do trabalhador", a "minhoca de metal
Que entorta as ruas" é o ônibus que leva o trabalhador ("a mochila amassada
Uma quentinha abafada (vidinha abafada)"), "quase um curral", "Mas por aqui todo mundo se encosta"...

A falta de conhecimento a que eu me refiro é pelo fato de que o principal letrista do rappa era o Marcelo Yuka e após sua saída, não houve nenhum outro principal. A música do exemplo nem é de um integrante da banda e sim de um irmão, do Marcos Lobato.

Concordo que muitas das pessoas que escutam as músicas nem sabem o que elas querem dizer, vão pelo ritmo, pela moda, pela influência, como ocorre com diversos outros grupos, com é com Gabriel pensador com músicas antigas como "Sou playboy" e "loira Burra".

Eu não sou nenhum grande fã de O Rappa, nem me lembrava da música em questão, mas justamente, por ter a certeza de que eles não fariam letras sem sentido (concordo que tem algumas coisas mais difíceis) fui atrás para ver.

Não gostar não significa não respeitar. Por mais que muitos escutem por moda e influência, isso acaba martelando na cabeça das pessoas. Eles não estão pensando em simplesmente ficarem ricos, querem fazer algo diferente e fazem.

Saber tirar o que há de bom das coisas é algo que não tem preço, evitar o pré-conceito concebido pela falta de discussão e conhecimento nos faz sermos melhores.

Não consigo expressar tudo o que tenho vontade escrevendo e espero que você não me leve a mal, mas esta é a opinião de alguém que entrou de bobeira por aqui e resolveu com muito bom intuito deixar uma mensagem. t+

 
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