. todos os homens do presidente
O filme “Todos os homens do presidente” (Alan J. Pakula, EUA, 1976) retrata um dos acontecimentos mais marcantes da imprensa mundial: o escândalo de Watergate. Tudo começou, no ano de 1972, na cidade de Washington. Um grupo de cinco homens, a princípio, considerados ladrões, invade a sede do partido dos Democratas, no edifício Watergate. Dois jornalistas do “Washington Post”, Bob Woodward, vivido por Robert Redford, e Carl Bernstein, interpretado pelo brilhante Dustin Hoffman, são designados para cobrir o acontecido.
Depois de um árduo processo de pesquisa que durou pouco mais de dois anos, os dois repórteres conseguem provar e revelam à sociedade americana o que realmente havia ocorrido: os arrombadores estavam a serviço do Partido Republicano, tentando colher informações confidenciais da campanha de George McGovern, do partido dos Democratas.
A princípio, a direção do jornal, sintetizada no filme pela figura de Been Bradlee (Jason Robards), diretor-geral do Post na época, demonstra-se reticente e faz com que outras matérias fossem priorizadas na edição do jornal, que não àquela ligada a Watergate. Quantas vezes em uma reunião para o fechamento do jornal, Bradlee determinou que o assunto não ganhasse destaque nas páginas principais do veículo?! “Será que os outros jornais, que pararam de se preocupar com o caso, estão, todos errados e apenas nós estamos certos?” Era essa a pergunta que ele se fazia, tendo em vista o fato do restante da mídia norte-americana ignorar o acontecido e não dar a devida importância ao tema. O famoso “The New York Times”, praticamente, não disse nada a respeito do tema, tratando o assunto como um simples roubo. Essa postura talvez encontre justificativa no receio de, mais tarde, se mostrarem equivocados e perderem a credibilidade perante o público. O descaso da mídia em relação ao fato acabou favorecendo o presidente Nixon, que nas eleições de 1972, foi reeleito. Tal postura demonstra um outro tema recorrente em “Todos os homens do presidente”: o agendamento da mídia em retratar, ou não retratar os fatos pode influenciar o público.
O empenho demonstrado, tanto por Bernstein como por Woodward, em tentar desvendar o que realmente aconteceu pode servir como modelo para qualquer aspirante a jornalista que deseja um dia se aventurar pelo sedutor quebra-cabeça proposto pelo jornalismo investigativo.
Outro exemplo na imprensa mundial, no caso novamente a americana, que se compara ao anseio dos repórteres do Post é o dos jornalistas do San Francisco Chronicle, Robert Graysmith e Paul Avery. Os dois, com a ajuda do detetive David Toschi, tentam desvendar o mistério do serial killer, apelidado de zodíaco, que no final da década de 70, aterrorizava a Califórnia, enviando cartas anônimas para a imprensa local, dando detalhes do assassinato de três pessoas. Apesar da investigação minuciosa e por um bom jornalismo investigativo bem praticado, utilizando muita dedução e indução, nenhum deles conseguiu desvendar a identidade do assassino, que permanece como um dos maiores mistérios dos EUA. A história foi transformada em filme, pelo diretor David Fincher, em Zodiac.
Voltando ao caso Watergate, algumas atitudes dos dois repórteres se mostram um pouco questionáveis, a principal delas talvez seja a forma utilizada por eles para fazer a fonte falar: visita à casa dos envolvidos, tentativa de aproximação, psicologia infantil, atitudes que se comparam àquelas utilizadas por Truman Capote ao investigar o assassinato ocorrido no Kansas.
Uma atitude digna de controvérsia no meio jornalístico, é a não citação das fontes. Como forma de proteger os envolvidos na pesquisa, tanto Bernstein quanto Woodward se negam a citar seus nomes. Tal atitude é capaz de colocar em cheque a veracidade daquilo que é relatado por eles. Na imprensa atual, é defendida a idéia de que as fontes devem ser citadas, como forma de comprovar aquilo que foi divulgado. "Se Watergate ocorresse agora, os jornalistas seriam presos por não revelarem suas fontes e não poderiam publicar a história", defende o colunista da revista "Newsweek", Jonathan Alter.
Ao final da investigação, quando Bernstein e Woodward conseguem provar definitivamente o envolvimento do partido dos Republicanos, Bradlee se rende e concede todo o espaço, no Post, ao assunto. A investigação culmina com a renúncia de Richard Nixon ao governo, no dia 09 de agosto de 1976.
Além do exemplo concreto e verídico de jornalismo investigativo e da influência da mídia, o filme também traz à tona uma outra questão importante: os artifícios utilizados por um partido para derrotar o adversário. Os artifícios utilizados ficam evidentes quando os dois jornalistas conversam com um dos “cabeças” da campanha de Nixon e responsável pela tentativa de manchar os Democratas, o método se assemelha com aquele utilizado, atualmente, até mesmo pela política nacional. Pode servir também como um espelho do que está à espera daqueles que almejam enfrentar a rotina a dos veículos de comunicação diária.
3 comentários:
ficou simplesmente FODA esse texto, amei.
Muito obrigada pelo elogio. Acho que me inspirou até voltar a escrever no blog. thanks! ;)
Meu, esse texto me ajudoumuito em uma resenha para a escola, eu nao copiei, mas eu entendi bem melhor, valeuu.
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