sexta-feira, julho 03, 2009

Intrigas de Estado

Quantas pessoas vão se iludir com o personagem Cal McAffrey (Russel Crowe) após assistirem a Intrigas de Estado? Na minha opinião, várias. Se fosse prestar vestibular este ano, certamente escolheria o Jornalismo, bastante influenciada seria por tal protagonista. McAffrey nos traz uma certa nostalgia dos tempos em que trabalhar em uma redação de um jornal impresso era algo romântico, e os jornalistas ainda tinham certo respaldo da sociedade. Cal é um daqueles jornalistas à moda antiga. É destemido, esperto e sagaz, capaz de relacionar um fato a outro com notável facilidade. Estas características, aliadas à uma aparência meio desleixada, que confere um certo charme a Russel Crowe, transformam-no, facilmente, em herói.


Se de um lado, temos o experiente Cal McAffrey, veterano em política; do outro temos Della Frye (Rachel McAdams) uma jornalista iniciante, movida por um certo entusiasmo. Se McAffrey é a representação do antigo, dos tempos em que o jornalismo impresso estava no auge, Della é a contemporaneidade. Exemplo disso, é ser responsável pela atualização de um blog.

Juntos, os dois serão responsáveis por investigar uma questão que envolve um congressista, Stephen Collins (Ben Affleck), que investiga uma grande corporação de armas que mantém uma relação obscura (óbvio) com o governo estadunidense.

O grande problema, no entanto, são so dilemas éticos a que constatamente McAffrey é obrigado a confrontar. Cal e Collins são amigos de longa data. O profissionalismo deve se sobrepor a uma amizade de anos? É, realmente, correto usar a amizade para obter informações. Aliado a isso, quanto mais McAffrey e Della se aprofundam nas investigações mais podridão é revelado, conferindo à trama, grandes reviravoltas.

Além do dilema em torno da amizade com o principal investigado, Cal e Della são obrigados a lidar com um outro elemento que, na minha opinião, é o grande destruidor do Jornalismo: as grandes corporações que estão atrás dos veículos de informação. Prática comum em todo mundo, o Washington Globe, jornal onde trabalha Cal, foi vendido a uma grande empresa, cujo interesse principal é lucrar. Em suma, vender jornal. A sede por novas informações que garantam a vendagem do impresso, faz com que a editora (Helen Mirren) pressione os jornalistas para divulgarem qualquer informação sobre o caso, mesmo que essas não sejam das fontes mais confiáveis ou que exponham a vida particular dos envolvidos no caso em questão. O interessante é manter a novelinha - "Quais as cenas do próximo capítulo?" - e fazer as pessoas comprarem jornal. Algo muito comum ao que foi o caso Isabella Nardoni, no Brasil, ou, recentemente, a queda do Airbus da Companhia Air France.

A teimosia de Cal McAffrey faz com que ele consiga segurar o furor da editora por informações e o que vemos, no final, é que realmente valeu a pena conectar melhor os fatos, ao contrário, do que divulgar píluas de informações como faziam os outros veículos.

State of play
EUA/ Inglaterra/ França

217 min
2009



2 comentários:

Unknown disse...

Nossaaa, isto deve ter mexido bastante com vc... Mas msmo assim me interessei (tardiamente) pelo filme e vou assistir...

Jordan Bruno disse...

eu vi a minisérie, e esse filme comparado a ela cheira a mofo ...... alias acho que na cinética já tinham feito essa observação ...

 
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Estrela Torta by Juliana Semedo is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License
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