quinta-feira, novembro 30, 2006

...The Fountain

...Belo e Profundo

Aquele que diz que “The Fountain”, ou “Fonte da Vida” é um filme ruim está equivocado. Pode não ter entendido a sua essência, ou é um ser materialista. Se lido antes, o enredo provoca no possível espectador um certo desânimo, afinal uma história que se resume a contar a vida de um homem em busca da descoberta da cura do câncer para salvar a mulher em estado terminal parece um tanto “piegas”. Porém, a visão é logo desmistificada quando enfim assiste-se ao filme, afinal, o diretor de “Réquiem para um sonho” não faria um filme banal, com um roteiro superficial.
Darren Aronofsky provou ser aquilo que já diziam dele, um dos melhores talentos da nova geração de cineastas. Suas histórias, sempre bem exploradas, apresentam um propósito bem definido: o de mostrar as limitações humanas. E utilizando para isso uma característica marcante: grandes impactos visuais que cumprem muito bem o papel de mostrar uma idéia sem recorrer a uma infinidade de palavras. Em “The Fountain”, elas podem até se apresentar um pouco grotescas, talvez um pouco exageradas, mas nada que comprometa a totalidade da obra e a desvie do seu propósito original.
Para explorar a temática, da impossibilidade de uma vida carnal eterna, ele não utiliza apenas a história atual: a do médico Tom que não se cansa de realizar experiências em cobaias a fim de descobrir a vacina capaz de inibir o desenvolvimento do tumor maligno que consumia vorazmente a vida da mulher, muito bem interpretada pela mulher do diretor, a linda Rachel Weisz. Aronofsky para revelar que o problema da questão existencial é inerente à espécie humana em qualquer estágio, ou época, recorre ao passado e ao futuro.

No passado Hugh Jackman é um navegador espanhol que parte para o Novo Mundo, a fim de descobrir a fonte da vida, ou encontrar a lendária árvore que garante a vida eterna.
O futuro, bastante luminoso, no qual diretor explora bastante o dourado para contrastar com o negro que representa toda a dor e indefinição do tempo presente, uma história une as duas anteriores. Tom, careca e a maior parte do tempo em posição de lótus, em uma das histórias mais bonitas que eu já vi, tenta salvar uma árvore para encontrar a vida eterna.
Porém, a verdadeira fonte, não é o famoso “elixir da longa vida”- remédio incansavelmente procurado pelos alquimistas, mas sim a resposta para as indagações fundamentais sobre a questão da existência humana. A plenitude, ou vida eterna é encontrada na morte, porém não é deixada uma lacuna naquilo que cessou de existir, mas sim uma nova vida passa a existir.

(Ou seja, se você torce para que Tom encontre um remédio para curar a mulher, esqueça a solução para a morte, não existe, ou melhor, reside em si mesma. E isso é aquilo que o catolicismo, o budismo, o espiritismo ou qualquer outro "ismo" que nomeie uma religião, afirmam)

Fonte da Vida/ The Fountain - Dirigido por Darren Aronofsky
Com Hug Jackman, Rachel Weisz e Ellen Burstyn
Duração 96 min
EUA

Um comentário:

Anônimo disse...

gostei do que escreveu, mas acho que "grotesco" não foi uma boa palavra para descrever o exagero plástico do diretor.

grotesco é algo que está loooonge de the fountain.

 
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